VÍDEO – Violência doméstica e tráfico humano: 5 momentos em que novelas mudaram fatos da vida real

Montagem com cena da novela e manchete estampando jornal relacionado – Divulgação / TV Globo / O Globo

As telenovelas angariaram a atenção do público brasileiro ao longo de sete décadas, retratando situações cotidianas desde a inauguração da tecnologia no Brasil, realizada em 1950 pela extinta TV Tupi.

Contudo, ao longo dessa trajetória, diversas produções foram capazes de mobilizar o país em causas políticas e debates relacionados a tabus socioculturais.

Em alguma dessas ocasiões, foi possível observar o impacto da produção ficcional em temas enaltecidos ao longo dos capítulos, através de dados oficiais na vida real.

Algumas dessas iniciativas foram listadas em 2021 pela revista Ana Maria, parceira do Grupo Perfil Brasil, relatando a força das novelas não apenas no imaginário popular brasileiro, mas em situações sérias.

Confira 5 momentos onde as novelas mudaram fatos da vida real:

1. Desaparecidos em “Explode Coração”

No ano de 1995, a novela ‘Explode Coração’ estreou na TV Globo marcada pelo protagonismo de Ricardo Macchi interpretando o quimérico cigano Igor. Contudo, na reta final da trama, a partir de março de 1996, contou com uma virada de atenções após o desaparecimento do filho de Odaísa, interpretada por Isadora Ribeiro.

A forma chocante como o garoto foi raptado na trama abriu espaço para o debate do tema, mobilizando um grupo chamado Mães da Cinelândia a aumentar seu número de participantes, chegando a aparecer na novela junto da personagem. Todas levando fotos dos filhos em cartazes e camisetas.

Uma das crianças, identificada como Célio de Almeida Garcia Júnior, foi identificada pela imagem e, posteriormente, conseguiu retomar o contato com o filho, que não via há dez anos.


2. Violência doméstica em ‘A Favorita’

Atualmente reprisada no bloco Vale A Pena Ver De Novo, a novela contou o drama de Catarina, personagem de Lilia Cabral, que sofria agressões psicológicas e físicas do marido Léo, de Jackson Antunes. A personagem chegou a tentar ser ajudada por uma amiga, Stela, que era interpretada por Paula Burlamarqui, mas também acabou agredida, chegando a sofrer uma tentativa de estupro.

A agressividade do personagem não apenas resultou em uma agressão na vida real a Antunes, como reportamos anteriormente, mas a Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres (SEPM) registrou aumento de 22,3% nos relatos de violência doméstica em relação ao ano anterior a transmissão.


3. Violência contra idosos em ‘Mulheres Apaixonadas’

Com a violência contra idosos em ‘Mulheres Apaixonadas’ lançada no ano de 2003, a personagem Dóris, de Regiane Alves, chocou espectadores pelos maus-tratos contra os avós, Flora e Leopoldo, respectivamente personificados por Carmem Silva e Oswaldo Louzada.

Tamanho choque resultou, durante a transmissão da obra, em uma proposta de Projeto de Lei sobre o Estatuto do Idoso, que estabelecia normas relacionadas a opressão, negligência e violência contra idosos. O projeto acabou sendo sancionado em outubro daquele ano e os atores do núcleo chegaram a ir para Brasília para discursarem sobre o impacto da trama em relação à medida.


4. Doação de medula óssea em ‘Laços de Família’

A cena de Camila, personagem de Carolina Dieckmann, tendo o cabelo real da atriz raspado emocionou o público ao conscientizar sobre os efeitos da leucemia. Na história, a personagem tinha esperança de encontrar um doador compatível para um transplante de medula óssea, descobrindo a compatibilidade com a rival da personagem.

Contudo, as cenas que explicaram a doença e como funciona a doação fizeram com que as doações saltassem de 20, em novembro de 2000, para 900 em janeiro de 2001, período em que a novela estava no ar. O disparo nos registros representou um aumento de 4.400% no Registro Nacional de Doadores Voluntários de Medula Óssea (REDOME).


5. Tráfico humano em ‘Salve Jorge’

A protagonista Morena, personagem de Nanda Costa, acaba sendo vítima de uma situação de tráfico sexual na Turquia e tenta, a qualquer custo, fugir do confinamento e voltar ao Brasil. A obra, no entanto, contribuiu para o enaltecimento da importância de denunciar movimentações relacionadas a prática.

Como divulgou na época o colunista Ancelmo Gois, do jornal O Globo, as ligações ao serviço “Ligue 180”, da Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres, dispararam durante a exibição, além de contar com um tratamento didático pela autora Glória Perez.

Compartilhe:

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *