Francisco de Sales Felipe

Lua cheia do meu sertão

Por Francisco de Chagas Felipe Meu sertão, quando for lua cheia, Quero te ver desenhando na areia O rosto do meu acalentado silêncio. Depois, banha de luz o beijo dado Na pele macia da rosa enlouquecida. Meu rio, leva-me contigo nessas águas De esperança. Quero descer no teu leito. E sentir a ternura da possível travessia. Meu barco, traze-me a luz dessa ilusão. E que meu canto sempre seja...

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Prece sob a chuva

Por Sales Felipe A chuva cai. E o barraco se banha, Novamente, de dor e abandono. Uma mão vinda da rua imunda Procura uma chama num palito. O velho candeeiro se nega à luz. E a escuridão ouve o gemido do mundo. A criança chorando se deita num papelão. Pedaços de tábua deixam passar o frio. E o molambo já não lhe cobre o rosto. Pai nosso que dás...

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Talvez fosse assim…

Por Sales Felipe Talvez fosse assim. Um abandonar-se docemente. Um deixar que tudo acontecesse nesse bom tempo. Não se ouvia nada. A não ser os passos da gente. Eu te entregaria, amada, a rua que tanto te esperou. Eu te daria a lua no abajur que o tempo nos emprestou. Somos dois até nos despir do mundo que nos impediu De amar, amar silenciosamente. Amar desesperadamente.

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Sou o sobejo do tempo

A loucura da meia-luz mendigando noite. Vou, por impulso dos passos do passado, Reencontrando as portas de musgos por tanta espera. Sou a curva do beco que não olhou para trás. Eu adormeci na cadeira quando ouvia a última radiola de ficha. Trago-te, amada, um pouco do linho branco gizado pelo rubi das bocas visitadas por minha pele portuária. Sou assim o violino no solo...

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