Como a ABA tem sido uma importante aliada no tratamento do autismo

Foto cedida

O diagnóstico e o tratamento do autismo ainda são bastante desafiadores para pais, profissionais e a própria ciência, mas alguns estudos e pesquisas mostram alternativas que têm ajudado crianças e adolescentes a desenvolverem habilidades e terem melhor convívio social. A Análise do Comportamento Aplicada (ABA), ou Applied Behavior Analysis em inglês, é uma delas.

Quando voltada para pessoas com atrasos no desenvolvimento, a ABA considera excessos e déficit comportamentais, realizando uma investigação e um conjunto de intervenções por meio de um plano individualizado. Com isso, os autistas, por exemplo, podem adquirir um repertório de comportamentos mais saudáveis e apropriados.

Realizada nos ambientes de cada cliente, a intervenção é geralmente intensiva, com carga horária que pode chegar a 40 horas semanais. “As metas de ensino precisam estar operacionalizadas e organizadas como em um currículo, os avanços e dificuldades precisam ser mensurados e analisados e deve-se utilizar um conjunto de práticas amplamente amparadas por evidências”, explica o psicólogo Felipe Wanderley, analista do comportamento no Núcleo Desenvolve.

Para a assistente social Ana Paula Brito, mãe de Lucas Fernando, 7, a ABA foi um divisor de águas, pelas possibilidades de aprendizagem. “Por ser um trabalho para adquirir habilidades, nos permitiu acreditar no potencial dele”, afirma. “A terapia tem mudado toda a família, porque nos trouxe esperança, qualidade de vida e nos ensina a sermos melhores e entender a melhor forma de garantir autonomia a Lucas”.

Ana Paula ressalta que os avanços são bastante significativos e lembra que seu filho tinha muitos comprometimentos e comportamentos inadequados, não brincava com função, não se comunicava e quase não tinha convívio social fora do espaço familiar. “Nos emocionamos em dizer que a ABA trouxe a possibilidade de ser feliz com o autismo, pois cada dia vemos evolução, uma criança motivada e valorizada por suas potencialidades, participando dos espaços sociais”.

Felipe reforça que o papel da família no tratamento é fundamental, principalmente porque as intervenções comportamentais têm por característica considerar variáveis físicas e sociais que estão presentes nas interações do autista. “É fundamental entender como ocorrem essas relações e a necessidade de realizar mudanças, refinando as interações”, destaca o analista.

“O bom sucesso da intervenção tem relação direta com o engajamento da família no processo terapêutico, atuando de forma coordenada com a equipe profissional, promovendo oportunidades de ensino para o autista, seguindo orientações de manejo que são baseadas em evidências”, reforça.

ABA é ciência
O relatório de 2020 “Prática baseada em evidências para crianças, adolescentes e jovens adultos com autismo”, do Frank Porter Graham Child Development Institute, mostra uma investigação e identificação de quais intervenções têm apresentado eficácia no tratamento do autismo a partir de parâmetros científicos. Nos artigos investigados, publicados entre 1990 e 2017, 28 práticas baseadas em evidências foram identificadas, sendo 24 delas dentro do corpo teórico e metodológico da ABA.

A Análise do Comportamento Aplicada teve origem no início do século XX, a partir da publicação do Manifesto Behaviorista de Watson, que sintetizou o pensamento intelectual da época de buscar um carácter científico para a Psicologia. Desde então, ocorreram diversas reformulações epistemológicas, avanços em investigações experimentais e aplicação das tecnologias comportamentais.

“A intervenção comportamental aplicada tem mostrado resultados satisfatórios em diversos campos de atuação, como em organizações, intervenções culturais, ambientes escolares e na evolução de pessoas com atraso no desenvolvimento”, afirma Felipe.

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