CURRAIS NOVOS, MINHA ETERNA NAMORADA! (MINERVINO WANDERLEY)

FOTO: REPRODUÇÃO FACEBOOK

Foi no final da tarde de 22 de outubro de 1975 que começou esse namoro. Naquele dia, uma terça-feira, cheguei a Currais Novos para ingressar no quadro de funcionários do Banco do Brasil. Fiz o concurso em 1974 e, em abril de 1975, veio o resultado da minha aprovação. Naquela época era a glória trabalhar no BB. Salário gordo, um serviço médico de excepcional qualidade, além do suporte social que o Banco proporcionava. Mas, meus amigos,  não foi fácil essa decisão.

Para mim era apenas uma escala entre Natal e São Francisco, na Califórnia. Isso mesmo. E eu estava decidido de fazer essa caminhada do melhor estilo “hippie”: a pé, de carona e nenhum tostão no bolso. Estava resolvido a ser um daqueles caras que via nos filmes. Tudo seria Paz & Amor!  Calça Lee, duas camisetas, um par de coturnos e uma bolsa de couro com um sabonete, pasta e escova de dentes. Esse era meu “enxoval” para a viagem. Juntei até uns amigos para uma despedida.

Mas Laguardia, meu cunhado e funcionário do BB, um cara de gestos e conselhos muito sensatos e consequentes, me convenceu que seria melhor fazer esse trajeto com grana no bolso. Combinamos de que eu faria o concurso do BB, passaria e, depois de um ano juntando dinheiro, pediria demissão e partiria para a Califórnia. Até aí deu tudo certo.

Pois bem, cheguei a Currais por volta das 18h e fui à agência para me apresentar. Já não havia mais ninguém. Estavam todos na AABB batendo pelada. Toda terça e quinta era dia. Gostei disso. Afinal, a danada da bola tinha sido uma das razões para eu ter ido assumir naquela cidade. Naquela época eu batia bola com um curraisnovense, Dequinha, irmão de Assis – grande meia do América – e ele me disse que eu iria encontrar três craques: Tales, Bazinho e Geraldinho. Ora, os dois primeiros eu tinha visto jogar; Tales no América e Bazinho no ABC. Geraldo eu não conhecia e tornou-se um dos gande amigos que fiz na vida. Seria tudo ótimo, pensei. E foi mesmo!

A segunda razão da opção por Currais Novos foi quando me disseram que lá era a terra das meninas mais bonitas do RN. Confesso que a vontade conhecer mulheres tão lindas era bem maior do que conversar e jogar bola com Bazinho, Tales e Geraldinho. Tinha nem comparação. Para morar, contei com a generosidade de  Edilson Assis e Glauco Dias, que me deram um espaço na velha “república”. Quero um bem danado aos dois.

Porém, Currais Novos era bem mais do que as meninas e esses marmanjos. Fui acolhido com carinho pelo povo e, rapidamente, me integrei àquele adorável alvoroço. Comecei a ir aos bares da cidade. Zé Julião foi o primeiro. Depois veio Manel do Bar, Nazaré, Dedé Cascata, entre outros. Em meio a doses de rum com coca-cola e peladas, comecei a fazer amizades com a turma da cidade. Celso Cruz foi um dos primeiros cabras da terra que se identificaram comigo. Ficamos amigos na hora! E continuamos até hoje.

Felizmente, só tenho boas recordações daquele período da minha vida. Quer ver? Vou listar algumas figuras que ficaram para sempre na minha lembrança:

Celso Cruz, Raimundo Cruz, Zé Paizinho, Chico Amarelaço, Dona Alcina, Cuíca (o goleiro), Pancinha, Airton de Bastinho, Mago Ari e o irmão Amadeu Venâncio, Soarinho, Galego Ivanildo, Toxó, Chaguinha, Oliveira, Jesean, Babá, Newton, Zé da Bomba, o goleiro Leão, o grande Buru, Chico Toscano, Júnior Jararaca, Seu Walfredo,  Zé Mendes, Mica, Chagas, (Carlos José era mais moço, mas já queria sair com a gente), Pebinha, Leandro (grandes vaquejadas), Canindé da Petrobras, Zé Julião, Manel do Bar, Dedé Cascata, Eusébio de Nazaré, Lelo, Raimundinho Cabeleireiro, Tom, Gilmar de Zé Fantasma, Eliel, Vilany (o poeta), Chico Severiano, Antônio de Deus, Eustáquio que era juiz de futebol de salão, Júnior de Joel, Cacau, Alexandre, Piano, Mago Jairo, Júlio da AABB e Hosana, Ximenes e Ilona, Hélio e Toinho Pinheiro, Jango  e mais um bocado.

Essa turma era somente do povo da terra. Dos colegas do BB, foram – e são – todos. É claro que tem outras pessoas que também foram marcantes, mas é melhor ficar por aqui. Espero que Iná, Palmeirinha, etc., não fiquem chateadas.

Com o passar do tempo, fui me acostumando à vida de interior. Tomas umas no Totoró, apreciar a culinária da terra e, o mais importante, conviver com pessoas tão hospitaleiras. Desse modo, a Califórnia foi ficando para trás.

Com relação às meninas, o que me disseram foi pouco. Depois de ver tantas mulheres bonitas, é que entendi a razão de Currais Novos ser conhecida como a terra das minas. Ora, só via verdadeiras preciosidades nas ruas. Cada uma mais graciosa do que a outra.

Hoje, 46 anos depois, olho para trás com o doce sabor da saudade das boas coisas. Se tivesse que refazer minha vida, não mudaria nada nesse quesito. Trago Currais Novos num espaço todo especial no meu coração.

É isso, meus amigos, vocês me proporcionaram momentos de intensa felicidade durante uma importante fase da minha vida.

Um grande e fraterno abraço em todos. Inté!

Obs.: depois eu falo da Califórnia e de alguns “causos” da época.

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Comentários (8)

  • Ramon Klebson Responder

    Essa Palmeirinha que vc fala é a famosa que tinha um bordel? Se for, sou casado com um bisneto dela.

    15 de abril de 2023 at 19:06
  • Ilona de Sá ximenes Responder

    Passou um filme na minha memória…dias de espera pelas noites de conversas, gargalhadas, doses de rum, boas piadas, música romântica e o principal que era a troca de amizade e aconchego. Vivo toda essa energia sempre que nos encontramos.
    Um beijão!!
    Ilona (representante da casa das banhas) kkkkkkkkkkkkkkkkk

    25 de outubro de 2021 at 14:01
    • Redação Responder

      Você não esquece, né? kkkkkkkkkkkkkkkkkk

      25 de outubro de 2021 at 16:38
  • Fernando Bituca Responder

    Minervino, depois da passagem de Léo Sodré, não tivemos contato, apesar de eu vez por outra, degustar seus causos, crônicas e ” assentamentos,”
    Sou grato pelas publicações e ajuda em algumas das minhas crônicas,
    Espero vê-lo em breve.
    Cordial abraço.
    Fernando Bituca Lins.

    25 de outubro de 2021 at 10:34
  • Madja Responder

    Um verdadeiro “baú de ricas lembranças”.
    Vale também passear pela famosa república e suas histórias, num contexto onde um tinha medo de ladrão e outro de assombração”, tem até rima e pode ser um
    mote para as poesias de Celso Cruz. Rsrsrs…

    24 de outubro de 2021 at 18:10
    • Redação Responder

      Bom dia, amiga. Essa foi a “Parte I”. Depois vem a II com as histórias e “causos””

      25 de outubro de 2021 at 07:11
  • J Gomes Responder

    Gde Minervino, q bom ler esta sua crônica, mto feliz em ver citado o nome do meu Pai e Gde herói Zé Julião.
    Agora me veio um filme, revendo o tempo em que tá garçom de toda esta galera q vc mencionou.
    Abração.
    JGomes (Xumbim ou Gominho ???)

    24 de outubro de 2021 at 11:05
  • MARIA DO ROSARIO SARAIVA DOS SANTOS Responder

    Feliz de quem carrega consigo boas recordações e grandes amigos.

    24 de outubro de 2021 at 10:43

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