‘Ele soluçava e perguntava pelos amigos’: o final feliz de festa de aniversário de menino com autismo em meio à pandemia

O aniversário de cinco anos era aguardado intensamente pelo pequeno Joaquim. Diariamente, o garoto abordava o assunto repetidas vezes com a mãe. “Um mês antes, ele sabia que estava perto e todos os dias fazia centenas de perguntas sobre como seria”, relata a servidora pública Cindy Renata Camargo, de 33 anos. A família mora em Foz do Iguaçu (PR).

Nos últimos dois anos, as festas de aniversário do garoto foram realizadas na escola em que ele estuda. Em razão disso, Joaquim acreditava que os colegas de turma também participariam da comemoração deste ano. “Ele sempre perguntava se os amiguinhos viriam”, diz a mãe. Ela relata que a amizade do garoto com os colegas de turma é considerada uma conquista. “Ele tem uma boa relação com os coleguinhas. Na escola anterior, o meu filho era excluído. Mas nesta, apesar das dificuldades, ele tem vários amiguinhos.”

Desde meados de março, a família de Joaquim está em isolamento social, em razão da pandemia do novo coronavírus. A medida de permanecer em casa, e sair apenas para atividades essenciais, é considerada fundamental por especialistas em todo o mundo para evitar a propagação do vírus.

Após a mãe explicar a situação em que o mundo está, o garoto demonstrou compreender os cuidados com a pandemia. Ele costuma dizer que agora é tudo sem “‘abraço, beijinho ou apertão de mão”. O menino também diz que é perigoso sair nas ruas. “Ele sempre preferiu ficar em casa, então isso não está sendo um problema”, pontua Cindy. No aniversário, porém, ele esperava a companhia dos amigos da escola e do avô paterno, um dos familiares com quem possui mais ligação. “Ele achava que todos viriam para a festa”, comenta Cindy.

Todos os dias, ele fazia inúmeras perguntas sobre a comemoração. O garoto fazia questionamentos sobre o sabor do bolo, a decoração da festa e se haveria brigadeiros e balões.

Joaquim fez aniversário na sexta-feira (8). A mãe e o pai organizaram a sala da casa com enfeites da Patrulha Canina e com um bolo com a mesma temática. Enquanto os pais montavam a festa, o garoto correu com o irmão caçula e ficou no quarto. “Ele disse que queria festa surpresa”, diverte-se Cindy. Quando os pais concluíram a decoração, chamaram os filhos. “O Joaquim ficou emocionado e muito feliz com a festa”, diz a mãe. As professoras dele gravaram vídeos parabenizando o garoto. “Eu tinha pedido para elas me mandarem algo, porque sei que ele ficaria feliz”, diz a mãe.

Dias antes da comemoração, Cindy também havia pedido que os colegas de turma do filho gravassem vídeos para o aniversário dele. “Nenhum dos pais dos colegas mandou vídeo. Mas eu entendo, estamos em um período muito diferente das nossas vidas e está tudo muito corrido. Provavelmente, os pais não tiveram tempo de gravar os filhos”, afirma Cindy.

A boa relação com os colegas de turma é considerada uma vitória para a mãe de Joaquim porque o garoto tem Transtorno do Espectro Autista (TEA), conhecido popularmente como autismo. Trata-se de uma desordem complexa do desenvolvimento cerebral, que tem, entre suas principais características, as dificuldades de socialização e comunicação. Segundo um estudo de cientistas americanos, estima-se que, aproximadamente, uma a cada 59 crianças tenha alguma característica do TEA.

Fonte: G1

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