Felizes Dias dos Namorados

Por Minervino Wanderley 

Preparativos nas redes sociais, outdoors espalhados pelas ruas, propagandas virtuais, impressos, todos anunciam que dia 12 de junho é o Dia dos Namorados. Ora, não tem nada disso, queridos apaixonados. O amor não tem data para se comemorar. Ontem foi, hoje é – e amanhã será – o dia dos que se amam. Todo dia é dia de acariciar, de beijar, de mimar a pessoa amada. Pode ser um presente, é bom. Um beijo roubado, melhor ainda. Há diversas maneiras de fazer um agrado a mais. Mas isso pode – e deve – ser feito em qualquer dia do ano, não apenas em um 12 de junho. Sabem por quê? Neste dia os namorados não são movidos pelo coração, nem pelas lembranças, nem por momentos únicos que vivenciaram. Correm para as lojas, atendendo aos chamados feitos através das maciças campanhas de publicidade boladas para essa data.  

Neste bendito Dia dos Namorados, as pessoas demonstram seu amor às outras através de presentes. A história é a mesma. Depois de inúmeras “olhadinhas”, centenas de lojas visitadas, ela ou ele decide pela compra, pede para “embrulhar pra presente”, é claro, e vai pra casa aguardar o momento de entregar a “surpresa”.  

As namoradas se vestem com esmero, ficam lindas e perfumadas à espera do eleito que, sem dúvida, também trará uma “lembrancinha”. E então, quando estiverem frente a frente, eles, sem palavras, trocam os mimos. O cara abre o pacote, finge espanto e, invariavelmente, diz: “Você acertou. Era exatamente isso que eu queria”. Já ela, deixa correr uma fortuita lágrima ante o perfume que ele, finalmente, percebeu que era o que ela queria.  

No fundo, a sensação que ambos sentem é de missão cumprida, meu amigo. Nada mais.  

Por isso, levante-se, largue esse irritante smartphone e corra para ver seu amor. Não importa a hora. Encontre-o e diga palavras vindas do coração que o fará feliz como nunca, e que dinheiro nenhum no mundo poderá jamais comprar, posto que não estão à venda. Momentos inesquecíveis. 

Não! Não vamos esconder essas coisas maravilhosamente autênticas que estão guardadas nas prateleiras das nossas almas. Para quando, se não sabemos o que nos reserva o amanhã? 

Não, mulheres e homens. Nunca compare com ninguém o presente que recebeu do seu amor. Não vá a reuniões somente para dizer o quanto foi caro o presente que ganhou. O verdadeiro valor não pode ser em cifras. Talvez esse objeto não valha um centésimo se comparado àquele inesperado. 

Imagino assim: Numa tarde qualquer, num dia qualquer, seu namorado a esperou na saída do trabalho, aproximou-se com seu melhor sorriso, deu-lhe um singelo botão de rosa e, olhando nos seus olhos disse: “Eu te amo! Estava morto de saudade de você!”. Em seguida, pegou-a pelo braço e saíram para assistir àquele espetáculo de ballet que ela tanto queria. 

Esse momento ela gravou no seu coração. Forever. 

Não! Não pense que um namoro se acaba quando se chega a um estágio de noivado. Muito menos quando se diz um “Sim” para um padre numa cerimônia. Pobres de espírito são todos aqueles que veem um casal de idosos de mãos dadas, e não compreendem porque eles continuam assim até que a morte os separe. Acreditem: a única coisa que permaneceu durante todo esse tempo foi exatamente o namoro. Inexplicável, chega sem avisar e ocupa nossa alma, gostoso, que enche o coração de felicidade. 

Por isso, sejamos sempre namorados. E nunca deixemos para amanhã o beijo que pode ser dado agora. Não esperemos uma outra oportunidade para dizer o quanto somos apaixonados. 

O amor, meus caros, é o verdadeiro combustível da vida. Para mim, sempre foi e sempre será! 

Dedicado à Cristina Galvão, junho de 2020