Dom Marcolino Dantas marcou época na História da Igreja em Natal; foi o quarto bispo e o primeiro arcebispo. Além de suas atividades à frente do clero, Dom Marcolino dedicava-se à literatura, tendo escrito dezenas e dezenas de sonetos. Era membro da Academia Potiguar de Letras. Suas produções literárias foram reunidas no livro “Dom Marcolino por ele mesmo”, com organização, prefácio e notas do Cônego José Mário de Medeiros.
Bem humorado, espirituoso, Sua Excelência Reverendíssima tinha o hábito de cometer trocadilhos, e tantos fez que entrou para o “folclore” natalense. Quando se fala no nome dele, lembra-se logo a sua fama de trocadilhista.
O escritor Jurandyr Navarro, prefaciador do livro acima citado, conta o seguinte episódio:
“Na década de 1930, numa comemoração do dia da Pátria, Dom Marcolino chegara atrasado ao palanque das autoridades. De pronto, o Interventor Federal, Raphael Fernandes, cede-lhe a Cadeira principal, num gesto cordial, dizendo ser ele, o Bispo, a maior autoridade ali presente. Respondeu-lhe Dom Marcolino: “- A cadeira é sua porque eu sou Bis-po – pó duas vezes.”
Traçando-lhe o perfil, com muita verve em seu livro “De Líricos e de Loucos”, Augusto Severo Neto narra, a certa altura:
“Na inauguração do Edifício Bila, na Ribeira, no meio da cerimônia da bênção, Dom Marcolino saiu-se com essa: “Natal não merece bala, pois é uma cidade bela, tem um homem como Bila, que não come bola e merece uma bula de louvor.”
Acrescenta Augusto:
“Já na inauguração das novas instalações do Café São Luis e também para a bênção (Dom Marcolino não havia sido convidado para a bênção das instalações do Café Maia, o único concorrente do São Luis, na época), falou, lá pelo meio, o nosso Bispo trocadilhista: “Quem diz São Luis não dismaia.”
Muitos trocadilhos atribuídos ao Bispo-Poeta, ainda hoje correm por aí, a maioria, talvez, invenção do povo.
FONTE: PAPO CULTURA
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