Festival que começou em 2005 está de volta, realizado pela prefeitura de Martins, que restaurou Museu Histórico
O muncípio de Martins é conhecido pelas belezas naturais e o clima ameno, mas em 2005 a única referência gastronômica e turística era o hotel Serrano. Foi quando um caminhão abastecido de ingredientes e um ônibus cheio de artistas do Rio Grande do Norte, chefs, enólogos, jornalistas e produtores subiram a serra, localizada a 370 km da capital. No friozinho de 23 graus a 600 metros acima do nível do mar surgiu o Festival Gastronômico de Martins, criado pelos produtores Walde Faraj e Habib Chalita.
Na base do boca a boca e através de uma rede criada pelo Sebrae RN, mais de 100 casas passaram a ser disponibilizadas para alugar no programa “Cama, Café e Rede”. A população dobrava no mês de julho, movimentando a praça principal, o mercado e os mirantes do Canto e da Carranca. É difícil imaginar toda essa movimentação há quase 20 anos.
Realizado numa parceria público-privada, tendo o aporte financeiro de governo e prefeitura, o festival rapidamente se consolidou. Tinha-se concurso de chefs e oficinas com convidados de fora, como o enólogo Bernardo Silveira da renomada Winehouse-SP e chefs famosos, como Rodrigo Oliveira, do Mocotó e César Santos. Foi lá que aconteceu a estreia da Flor de Sal da Cimsal, iguaria cultivada na costa potiguar de Areia Branca.
Até 2010, o evento já tinha consagrado o trabalho autoral de cozinheiros e chefs, como Eugênio Cantídio, o argentino Mário Soltak, Thiago Gomes, Cacau Wanderley, Chef Dantas, Gabriela Sales, dentre outros. Também foi lá que conhecemos a “espécie de gergelim” e o “doce de casca de laranja”, vendido pelas doceiras de Martins. Assim como o sequilho das irmãs Gurgel, temperado com mel, raspa de limão, erva-doce, cravo e canela. Também em Martins o público assistiu em praça pública ao filme Ratatouille e a espetáculos de música e dança.
Neste pós-pandemia o Festival Gastronômico de Martins anuncia seu retorno. Será a 14ª edição, desta vez com a expertise adquirida pela equipe local e a produção da própria Prefeitura municipal. Acontece de 29 a 31 de julho, na mesma praça Almino Afonso, onde estarão restaurantes, tenda para oficinas, workshops e até aula de vinhos sob a consultoria de Gilvan Passos.
BISTRÔ NO MUSEU
Nesse turismo de trocas e descobertas, atrativos naturais e históricos, personagens e ingredientes se tornaram mais populares, caso do Museu Histórico de Martins, cujo acervo foi se revelando aos visitantes junto a raridades, como uma edição antiga de Os Lusíadas, de Camões.
De lá para cá, o museu foi restaurado, numa obra de durou quatro anos. E desde o dia 30 de dezembro de 2020 abriga o Abigail Bistrô e Café. A administração é do casal Wellington Lopes e Diana Nobre Marcelino, moradores de Martins. A entrega do espaço teve participação da ex-prefeita Olga Fernandes, que idealizou a parceria público-privada apostando na restauração e sustentabilidade do Museu. O forte do bistrô são as massas artesanais, mas quem passa pelo lugar pode sentar e tomar um café, tomar uma taça de vinho (a catar é variada) ou drinques apreciando as relíquias do lugar. O Abigail Bistrô vai participar do Festival Gastronômico de Martins no setor de restaurantes montados na praça.
MUSEU
O Sobrado de três andares que abriga o café e o museu foi construído em 1891, e teve como ilustre morador o então senador Almino Affonso, de acordo com Manoel Onofre de Andrade em seu livro “A Abolição Antes da Lei Áurea”, biografia do abolicionista e republicano histórico.
O projeto curatorial e museográfico foi elaborado pelo professor Jairo José Campos da Costa, após o restauro que durou, aproximadamente, 4 anos, através de emenda do ex-senador José Agripino Maia, a partir de uma articulação da prefeita Olga Chaves Fernandes de Queiroz Figueiredo. O acervo é composto de mobiliários tradicionais, peças de arte, antiguidades, fotografias preto e branco, livros antigos.
Fonte e fotos: Típico Local
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