O MILAGRE DE SER VÓ (CELSO CRUZ)

//REPRODUÇÃO//

Oxe manhinha danôsse
Cê hoje tá cum a mulesta
Hoje é dia de festa
E num venha com pantim
Você nunca foi assim
Tá cum a pá virada
Me deixando aperriada
Diabeisso, ô disgrama
Sai de perto, se dana
Que hoje eu tô avexada

Cê tá cagada e cuspida
A mãe de Otaviana
Que pegou uma cruviana
E rasgou a roupa dela
Inda escondeu a sela
E espantou a jumenta
Deixe de ser nojenta
E me deixe me arrumá
Num fresque não
Largue de mão
Pare de aperriá

Hoje eu amarro meu jegue
Eu quero mermo é sossego
Eu vou morar cum meu nego
Quero que ele me carregue
Se eu num for embora eu cegue
Mas ninguém num acredita
Minha mãe tá isquisita
Mas cumigo o coco é seco
Hoje eu vou pegar o beco
E dá gasto na periquita

O tempo passou e manhinha
É só carinho e afeto
Fica só babando o neto
Há um ano num era assim
Me chamava “coisa ruim”
Tá aí painho que diga
Ele chega fazia figa
Pra evitar confusão
Coitado do meu irmão
Que quase o coro estica

Minha mãe transformou-se
Na cara um sorriso só
É o milagre de ser vó
É a nossa fé em Sant’Ana
Tenho uma família bacana
O amor chega e nos invade
A fé, a cumplicidade
Todo mundo dá-se a mão
Escancara o coração
É isso a felicidade. (Celso Cruz)

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