O verdadeiro sabor da idade

É comum as pessoas temerem chegar à chamada “terceira idade ou melhor idade” – dois eufemismos de velhice e de péssimo gosto, por sinal. Acham que o ocaso da vida se aproxima e, junto a isso, as doenças serão mais frequentes. É um medo justificado, já que faz parte do processo natural da nossa existência. Porém, não enxergo nada que cause mais pavor ao homem – aí eu falo do macho – do que imaginar que, junto a essa nova fase da vida que se avizinha, o desejo sexual venha a se extinguir, a libido se esvaneça, e, esse o seu pior pesadelo: venha a chegada cruel da impotência. Tal pensamento deixa qualquer um de cabeça para baixo. Literalmente!

Mas, queridos “coroas”, tudo é um ledo e lamentável engano. Isso está dentro da cabeça de cada um. Independe da idade, não tenham a menor dúvida. Claro que um dia essas mudanças vão chegar e sequer serão percebidas. Confio na natureza.
Para reforçar o que digo, observem que tem muita gente dentro da faixa etária mediana que já perdeu o interesse pelo assunto. Essa turma prefere um chá ou um copo de leite. Mas, cada qual tem seu gosto e viva a sua vida da forma que melhor lhe aprouver. Deixa para lá!

De volta à nossa conversa, creio que muitos desses equívocos acontecem quando alguns sessentões – homens e mulheres – partem em busca de pessoas bem mais jovens, ainda no curso universitário, saradas, frequentadores de academias, etc. Tudo numa reles esperança de que o relógio do tempo gire ao contrário e, ao contato com um corpo mais jovem, o desejo surgirá ardente como outrora. Never!

Ora, caros amigos, tesão é da pele, do olhar, não tem nada a ver com longevidade. A parceria ideal é exatamente formada por aqueles que têm mais ou menos a mesma idade. Viveram épocas comuns, as lembranças são similares e, por conseguinte, a convivência é ótima, a conversa flui naturalmente. Até as lembranças e anseios são quase parelhos. Isso é ótimo!

Vamos imaginar uma pessoa com sessenta anos ou mais namorando uma figura de trinta. O rapaz ou a moça, esbanjando músculos, barriga tanquinho, coxas duras como armaduras, cheio de energia, sai da academia, chega em casa e tomam aquele revigorante banho de ducha. No pensamento, planos para o futuro ou como será a festa que o amigo vai promover no fim de semana.

Já o outro, aposentado, deu sua caminhada ao redor da praça, olhou com certo ar de superioridade para alguns casais formados por pessoas da sua idade – de mãos dadas, diga-se – enquanto pensava: “Coitados. Se eles vissem com que namoro iam morrer de inveja.” Em seguida, após um banho demorado, senta-se na sua poltrona e espera a chegada do seu “crush”. Afinal, hoje é dia.

E ele chega, trocam um insosso beijo e vão para a cama. Imagino que os diálogos devam ser mais ou menos assim:
Ele ou ela pergunta:
– Fez quantos abdominais hoje?
Ela ou ele responde:
– Mais de 500! Meu personal é show! E você, como foi o jogo de buraco? Ganhou alguma?

Que coisa, não é mesmo? Não tem nada a ver. O bom mesmo é caminhar juntos, jantar um olhando para o outro, e, no tão conhecido local de aconchego, ficar deitado lado a lado, olhos nos olhos e trocando palavras de amor, A comunicação é quase por telepatia. Puxa, que coisa boa um alisado de cabelos um no outro. Tudo sem cobranças ou expectativas. E essa troca de carinhos continua. Até que, de repente, como num passe de mágica, as mãos ficam mais ousadas e começam a explorar seus corpos. O desejo bate e o interessante é que cada carícia, cada beijo, tudo é como se fosse a primeira vez. E o amor se faz. Puro, olho no olho. E o prazer é inigualável.

Essa idade é fantástica. A experiência nos leva a ver que todo dia surgirá algo a motivar os corações. Pena que muitos resistam a isso e achem que a vida se encerra quando – exatamente – ela está começando. Ora, quando chegamos nessa idade somos recém-nascidos. Tem um novo mundo inteiro a ser descoberto. Mãos à obra!

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