PENSE! Abrigo de idosos no Rio de Janeiro pede “doação de afeto” durante a pandemia

Moradoras do abrigo — Foto: Arquivo pessoal –

 

Por Deslange Paiva, do G1

Pela falta de contato com familiares durante o isolamento, algumas idosas que moram no local tiveram depressão. Administração do abrigo usa redes sociais para pedir por ligações, cartas e mensagens.

O Abrigo Presbiteriano, que acolhe cerca de 20 idosas na Zona Norte do Rio de Janeiro, passou a pedir ligações e mensagens de “doadores de afeto” para diminuir a solidão das residentes durante o isolamento social, além das doações habituais para manter o local.

“Por conta da pandemia tivemos que suspender todas as visitas ao abrigo. Quando isso aconteceu, nossas moças começaram a ficar tristes, algumas até chegando a depressão. Para diminuir esse sentimento os 30 conselheiros do abrigo se uniram para telefonar para elas e conversar. Depois disso a ideia começou a se espalhar e começamos a pedir para que as pessoas enviassem mensagens e cartas”, afirma João de Almeida Fernandes Filho, presidente do Abrigo.

Saúde mental é importante para prevenção da Covid-19. Depressão e ansiedade podem afetar a imunidade de um idoso, grupo de risco para contaminação do novo coronavírus.

A Dona Elda Soares, 90 anos, que vive no abrigo há 3 anos disse que o contato com os conselheiros do abrigo e as ligações e mensagens recebidas amenizam a saudade da família.

“Aqui eu me sinto bem. Esses dias estava meio sozinha porque não podia receber visitas. Agora eu converso com a minha família apenas por telefone… a saudade aperta, sabe? Receber ligações deixa a gente mais feliz, mais animada. Aqui é uma grande família. É bom saber que existem pessoas que se preocupam sobre como estamos”, disse Elda.

Quando a história viralizou nas redes sociais, as residentes do abrigo receberam cerca de 5 mil ligações. Hoje a média fica em torno de 40 por dia. A administração do local ressalta a importância das pessoas continuarem ligando para evitar uma sensação de abandono.

O local conta com 20 abrigadas, mas tem capacidade para receber 22. As idosas têm entre 70 e 95 anos.

“Após as campanhas o ambiente mudou, elas estão mais felizes, mais dispostas e sempre ficam esperando por um contato, uma demostração de afeto”, afirma Fernandes Filho.

O abrigo existe há mais de 60 anos e inicialmente foi criado para manter viúvas que eram membros da Igreja Presbiteriana e não tinham onde morar.

Gastos na pandemia
Com a pandemia os gastos do abrigo aumentaram, o local tem que arcar com todo equipamento de proteção individual das residentes e dos funcionários para seguir as regras da Vigilância Sanitária e proteger as moradoras. Um quarto foi separado para isolamento caso seja registrado algum caso de Covid-19. Até o momento nenhum funcionário ou residente foi infectado. O local conta com 18 colaboradores.

Segundo Fernandes Filho, os gastos dobraram por conta dos cuidados para evitar o contágio. Além dos equipamentos de proteção, também foi necessário arcar com a higienização da estrutura.

“Estamos funcionando razoavelmente bem, tivemos que cortar alguns gastos, diminuir algumas coisas, mas tudo está dando certo. Conseguimos manter o básico”.

Para rever os familiares mesmo que seja à distância, umas das residentes sugeriu que o parente fosse até a calçada do abrigo para receber um “tchauzinho” mesmo que seja a alguns passos de distância. A ideia já foi colocada em prática e algumas moradoras começaram a receber visitas dessa forma.

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