PENSE! Ruanda, um pobre país africano, consegue controlar Covid com testes e robôs

Foto: Cyril Ndegeya / Agência de Notícias Xinhua

Um país africano classificado pelo Banco de Mundial como de baixa renda está dando uma lição ao mundo e testando toda a população em todo o seu território, com ajuda de robôs no atendimento. Os testes são feitos em Ruanda aleatoriamente e até mesmo na rua.

“Sempre que alguém está dirigindo um veículo, bicicleta, motocicleta ou mesmo andando, todos são perguntados ‘você deseja fazer o teste”, diz Sabin Nsanzimana, diretor geral do Centro Biomédico de Ruanda, que é o braço do ministério da saúde que atua no setor encarregado de combater o COVID-19.

Casos

Desde que registrou seu primeiro caso em meados de março, o país de 12 milhões registrou pouco mais de 1.200 casos. Ohio tem uma população de tamanho semelhante e recentemente registrou cerca de 1.200 casos por dia.

Nsanzimana teme que o pior ainda esteja por vir na África com esta pandemia. “Nenhum país está fora de perigo ainda”, diz ele. No entanto, ele acrescenta que Ruanda é um exemplo para outros países de baixa renda que, mesmo com recursos limitados, esse vírus pode ser contido. “Então, o que precisa ser feito é seguir as medidas (prevenção e contenção). A liderança política é muito, muito crucial. Ruanda deve continuar o que está fazendo agora. E outros países devem imitar o Ruanda.”

HIV

Nsanzimana diz que a experiência de Ruanda em lidar com outros surtos de doenças infecciosas está ajudando agora durante a pandemia.

O país está usando sistemas e equipamentos que já possuía para combater o HIV.

“As principais máquinas que estamos usando para o teste COVID são as máquinas de HIV que já estavam lá”, diz ele. “Estamos usando a mesma estrutura, mesmas pessoas, mesma infra-estrutura e diagnóstico de laboratório, mas aplicando-a ao teste COVID”.

Robôs

Ruanda mobilizou agentes comunitários de saúde e estudantes de polícia e faculdade para trabalhar como rastreadores de contato.

Estabeleceu postos de comando nacionais e regionais para rastrear casos. Está até usando robôs de tamanho humano nas clínicas COVID-19 para medir a temperatura dos pacientes e fornecer suprimentos.

Os robôs usados nos centros de tratamento em Kigali, Ruanda fazem a triagem e ajudam rastrear as pessoas que tem covid e ainda saber sobre sua alimentação e necessidade de medicamentos entre outras tarefas.

Os robôs foram doados pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento e pelo Ministério de TIC e Inovação de Ruanda.

Rápidez

A coleta de amostras – feita pro meio de um cotonete até o nariz – e o preenchimento da papelada de informações de contato levam cerca de cinco minutos.

“Todas essas amostras são enviadas naquele dia para o laboratório”, diz Nsanzimana.

“Temos um grande laboratório aqui em Kigali. Também temos outros seis laboratórios nas outras províncias.”

Qualquer pessoa que seja positiva é imediatamente colocada em quarentena em uma clínica COVID-19 dedicada. Todos os contatos desse caso considerados de alto risco também ficam em quarentena, em uma clínica ou em casa, até que possam ser testados.

Nsanzimana diz que os profissionais de saúde ligam ou visitam todos os contatos em potencial de alguém que é positivo.

“Acreditamos realmente que isso é importante para garantir que detectemos e rastreamos onde o vírus pode estar”, diz ele.

Gratuito

O rastreamento abrangente de contatos é uma tarefa que sobrecarregou os países com muito mais recursos que Ruanda.

A renda per capita de Ruanda é de aproximadamente US $ 2.000 por ano, cerca de 10 mil reais por ano.

No entanto, todos os testes e tratamentos para o vírus são fornecidos gratuitamente.

Custa ao governo entre US $ 50 e US $ 100 – R$ 250 e R$ 500 – para executar um único teste de coronavírus, diz Nsanzimana.

Para testar milhares por dia, Ruanda começou a usar um processo chamado “teste de piscina”.

Os cotonetes são analisados por uma máquina. Isso permite que eles testem muito mais amostras ao mesmo tempo.

Se eles obtiverem um resultado positivo, todos os cotonetes que foram inseridos no frasco inicial serão testados individualmente para identificar a pessoa infectada.

Com informações da NPR

Compartilhe:

Comentários (2)

  • carlos alberto cunha Responder

    Existem algumas explicações para os resultados positivos de Ruanda com relação à covid-19. Uma delas é que a África é o continente com a população mais jovem do mundo. Outra é que, no caso de Ruanda, foi um dos primeiros a implementar o confinamento quando tinham menos de 20 casos confirmados. Eles fecharam a fronteira e interromperam os voos internacionais, isto tudo sob a forte liderança do chefe da nação. Outra hipótese é que o surto de ebola e outras epidemias também ensinou a África a importância de detectar casos rapidamente, tratar os pacientes confirmados e isolar comunidades. O intrigante é que a maioria dos países africanos tem ligações aéreas com a China, inclusive a Etiópia, com 110 milhões de habitantes e que, até 21 de junho de 2020, tinha registrado “apenas” 81 mortes. Um dado importante é que nenhum pais africano tem utilizado e nenhum dirigente de nação tem recomendado o uso de cloroquina ou hidroxicloroquina como medicamento preventivo contra a epidemia.

    16 de julho de 2020 at 18:24
    • Redação Responder

      Você analisou bem a reação de Ruanda. Creio que a rapidez e centralização de decisões foram fundamentais para o sucesso.

      17 de julho de 2020 at 08:14

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *