PREÂMBULO

 

Por Dalton Mello de Andrade

Preâmbulo necessário para entender esta história, que sempre achei muito divertida e resolvi contar agora.

Meu sogro, Hermógenes Medeiros Filho, era presbiteriano, austero, de uma boa conversa, mas sempre muito sério. A mulher dele, Nícia, era católica. Mas, cada um vivia sua religião. Deixaram aos filhos que escolhessem sua religião quando assim entendem-se. Minha mulher, Ione, batizou-se na católica aos 15. Um dos meus cunhados morreu sem batismo. Outro, Wilson, só se batizou quando foi casar.

Embora mantendo a austeridade e alguns hábitos da religião dele – por exemplo, todos sentavam à mesa ao mesmo tempo e ele fazia uma oração agradecendo à Deus pela comida -, gostava de conversar, era versátil e atualizado. Tinha que ser, era Professor de História do Atheneu. Não era homem de anedotas, nem de piadas grosseiras. Mas apreciava uma piada inteligente.
Já os filhos foram todos uns gozadores. Devem ter puxado do lado Dantas Ribeira da mãe. Mas, Wilson era o campeão. Era especialista em botar apelido nas pessoas, às vezes muito apropriados.
Começou a vida trabalhando numa empresa inglesa de navegação, que o levou para Manaus. Logo, encontrou um colega que botava defeito em tudo e queria corrigir. Ele não perdeu tempo, e o apelidou de 100%. Nunca mais o chamaram pelo nome. Ficou “100%” o resto da vida.

Esta história toda foi para contar uma das melhores. Moravam numa casa antiga, na Trairi, dessas com um terraço enorme, sala de visita na frente, um corredor com sala de jantar, cozinha e outros cômodos de um lado, e os quartos e banheiro do outro. A sala de jantar estava mais ou menos perto do banheiro e, se o barulho fosse grande, dava para escutar.
Todos à mesa, Wilson pede licença e vai ao banheiro. Lá, ele solta um enorme “pum” que se escuta pela casa inteira. Quando ele voltou e Hermógenes já se preparava para dar-lhe uma “regulagem”, ele virou-se para ele e disse: estava no local apropriado. Foi uma risadaria geral da qual até Hermógenes participou.

 

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