Romance Forense: “Onde se ganha o pão, não se come a carne”

Em pequena comarca, o comando era do Doutor Genarino, 53 de idade, juiz cujo casamento foi se desfazendo à medida em que a carreira se construía: mudanças frequentes (foram cinco) de uma comarca para outra, dedicação demasiada ao trabalho, estresse etc. Há seis anos ele vivia sozinho, mas não celibatário: era habitual em experiências com mulheres de variados perfis. O que não queria mesmo era casar de novo.

De repente surgiu Pupila, 39, viúva, bela mulher, também sem interesse em casar de novo. Gostava de estar com Genarino, de passear com ele, etc. E foi assim que o romance já durava seis meses, o que para o juiz era um recorde.

Mas havia outro segredo para o idílio tornar-se tão duradouro: a alcova. Pupila adorava inovações quanto aos lugares e aos jeitos de se entregar. E, assim, o par variava de motéis, lugares ermos, o banco de trás do automóvel, etc.

Mas o douto juiz recusava-se à ideia de praticar as posições sexuais em seu gabinete, no foro, durante os fins-de-semana, embora Pupila tocasse no assunto com frequência.

– Não, Pupila! Você conhece o ditado que diz que ´onde se ganha o pão não se come a carne´ – dizia, sem meias conversas.

Um dia, o Dr. Genarino foi informado de que haveria correição em sua vara. Como a estrutura do foro não fosse das melhores, a única sala onde o corregedor da região poderia se instalar com algum conforto (banheiro e ar-condicionado) era o próprio gabinete do juiz. Por isso, ele retirou os seus pertences e mandou fazer uma faxina. O corregedor, um juiz de carreira já próximo da aposentadoria compulsória, preferia os ambientes rústicos e assim sentiu-se à vontade no lugar que lhe foi reservado.

O tempo passou depressa e logo chegou o último dia da correição, sem sobressaltos.

Entrementes, Pupila fizera uma visita à mãe, num Estado vizinho, demorando-se por duas semanas. Retornando, estava saudosa de Genarino. Recém chegou à casa, arrumou-se e telefonou para o namorado. Ninguém atendeu. Não suportando esperar, precipitou-se em direção ao fórum, a três quadras de distância. Foi dando boa tarde e entrando, até chegar ao gabinete do juiz.

Deu duas batidas na porta e abriu. Ninguém. Entrou e alcançou o trinco da porta do banheiro. A porta estava fechada por dentro.

Foi então que Pupila teve a ideia de fazer uma surpresa inesquecível para o juiz seu namorado. Trancou a porta do gabinete por dentro, desnudou-se, deitou-se sobre a mesa, em decúbito frontal e ficou de olhos fechados, esperando ouvir o ruído da porta do banheiro se abrindo.

Não precisou esperar muito. Ao ranger da porta, disse languidamente, sem abrir os olhos:

– Amorzinho! Presentinho pra você!

Ao ver a mulher deitada ali, nua, o corregedor, que saía do banheiro, quase desmaiou de susto. Ficou mudo até recuperar os sentidos e dizer vacilante:

– Com licença!…

E se foi rápido do gabinete. Na porta do foro, encontrou-se com o Doutor Genarino, que vinha apressado, informado que fora por um servidor, da presença de Pupila. Antes que o juiz dissesse alguma coisa, o corregedor falou nervosamente:

– Doutor Genarino, o senhor é um colega muito gentil, mas se era para exagerar no presente, que mandasse entregar embrulhado, em outro lugar. Boa tarde!

E o corregedor foi embora para não voltar mais. O fato não foi mencionado no relatório da correição.

Nota do editor:

Texto resumido a partir de história narrada pelo juiz federal e escritor Marcos Mairton, editor do blog Mundo Cordel.

Fonte: espacovital.com.br

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