Um pouco de Churchill e de bandeiras

Por Dalton Melo de Andrade

Não há males que não tragam um bem, diz o velho ditado. Estou aproveitando o meu castigo para reler alguns livros antigos. No momento, recomecei a ler os seis volumes de Churchill sobre a Segunda Guerra. Ninguém melhor do que ele para falar sobre o assunto. Primeira edição, a partir 1946, no original, e já estou no segundo volume, que é de 1948.
Além de publicar sua própria experiência, utiliza arquivos alemães, italianos e outros países, para contar a “história como ela foi”, pelo menos para ele.

Mas meu comentário de hoje não é diretamente sobre a guerra, mas sobre ele. De seu gabinete, saiam centenas de mensagens aos seus ministros e comandantes militares. Às vezes, bastante detalhados.

Pede licença aos leitores, para publicar uma dessas notas dirigida ao “First Lord” (ministro da Marinha), e que ele mesmo ocupou diversas vezes. Na realidade, deixou esse ministério para ser o Primeiro Ministro.
A nota diz o seguinte: “Com toda certeza você pode substituir a bandeira do ministério. Seu estado de apresentação e de velhice me incomoda todas vezes que passo em frente ao prédio”.
Isso me lembrou uma das minhas recomendações quando fui Secretário de Educação. Toda vez que ia a uma escola e encontrava uma bandeira suja, poluída, rasgada, reclamava do diretor. No outro dia, bandeira nova desfraldada. Foram tantos os casos que dei uma de Churchill, sem saber do comentário dele. Mandei uma nota que tinham que sempre manter uma bandeira perfeita, limpa e sem rasgos, e mudá-las, de qualquer forma, pelo menos uma vez por mês.

Não me lembro exatamente quando, mas um batalhão do Exército passou tanto tempo com uma bandeira esgarçada, que tive vontade de telefonar para o comandante. Vibrei, quando finalmente vi uma bandeira nova.

São lembranças da infância onde, na minha escola, Colégio Pedro II, do Professor Severino Bezerra, na Ribeira, a gente hasteava a bandeira e cantávamos o Hino Nacional, todos os dias pela manhã. Acompanhados pelo piano de Lígia. Hoje, uma atitude dessa é, quase, inimaginável. Pobres tempos.

Compartilhe:

Comentário (1)

  • ANTONIO PIPOLO JUNIOR Responder

    Dr. Dalton, é inebriante lê ou ouvir histórias como essa que servem de lição de vida e ao mesmo tempo de civismo. Respeitar os símbolos nacionais não é virtude mas, obrigação. Espero degustar outras desse ilustre Professor.

    2 de junho de 2020 at 20:55

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *