EQUIPE OLÍMPICA DE REFUGIADOS LEVARÁ 29 ATLETAS DE 10 PAÍSES PARA TÓQUIO

Nove esportistas nasceram na Síria, país que atravessa 10 anos de conflitos; 1ª participação da equipe foi nas Olimpíadas do Rio, em 2016

Delegação da equipe olímpica de refugiados na abertura dos Jogos do Rio, em 2016. Em Tóquio, serão 29 atletasReprodução/COI

A equipe olímpica de refugiados levará aos Jogos de Tóquio, no Japão, 29 atletas de 10 países. Será a 2ª participação do grupo na competição. A estreia, em 2016, foi nas Olimpíadas do Rio de Janeiro, com 10 competidores.

O país de onde vieram mais atletas refugiados foi a Síria. Serão 9 participantes que nasceram no país, que atravessa uma crise humanitária na esteira de uma guerra civil. Desde 2011, o conflito já forçou o deslocamento de 6,6 milhões de pessoas, dos 22 milhões de habitantes do país, segundo o Acnur (Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados). A estimativa do Observatório Sírio de Direitos Humanos, baseado no Reino Unido, é que mais de 494 mil pessoas tenham morrido no conflito.

Outros países com mais refugiados nas Olimpíadas de Tóquio são o Irã, com 5 atletas, e Sudão do Sul, com 4.

A equipe de refugiados terá representantes nas modalidades do judô, atletismo, badminton, boxe, canoagem, ciclismo, caratê, tae kwon dowrestling (luta olímpica), tiro, natação e levantamento de peso.

O COI (Comitê Olímpico Internacional) mantém um programa de bolsas para 56 atletas refugiados em todo o mundo. Destes, foram selecionados 25 para os Jogos de Tóquio. Segundo a entidade, além do desempenho esportivo, foram considerados critérios como antecedentes pessoais, e um equilíbrio na representação por esporte, gênero e região de origem. O processo foi feito em parceria com o Acnur.

Outros 4 atletas se juntaram ao time de refugiados por meio de um programa da Federação Internacional de Judô.

De acordo com o protocolo olímpico, a delegação de refugiados será a 2ª a desfilar na cerimônia de abertura dos Jogos, logo depois da  equipe da Grécia, no dia 23 de julho. O país europeu é historicamente o 1º a entrar por causa de seu legado na criação das Olimpíadas, na Idade Antiga.

Os atletas refugiados competem sob a bandeira dos arcos olímpicos. O símbolo representa cada um dos 5 continentes do planeta. É a principal representação gráfica dos Jogos Olímpicos e a marca do COI. A equipe terá uma comitiva própria, formada por 20 treinadores e 15 oficiais.

Da equipe que participou das Olimpíadas do Rio, em 2016, serão 6 os competidores que estarão também no Japão: o nadador Yusra Mardini, o judoca Popole Misenga e os corredores Anjelina Nadai Lohalith, James Nyang Chiengjiek, Paulo Amotun Lokoro e Rose Nathike Likonyen.

NO BRASIL

Popole Misenga é o único dos 29 atletas selecionados para Tóquio que mora e treina no Brasil. Ele é natural de Bukavu, na República Democrática do Congo, região que foi uma das mais afetadas pela guerra civil no país, de 1998 a 2003. Entrou em contato com o judô na capital do Congo, Kinshasa, onde vivia por conta própria, na rua.

O atleta de 29 anos já representou seu país em competições internacionais. Numa dessas, durante o Campeonato Mundial de Judô de 2013, no Rio de Janeiro, foi abandonado pelo treinador, conforme relato publicado no site do Instituto Reação, onde Popole treina.

Sem alimentação e nem moradia, ficou do lado de fora do estádio Maracanã por 1 dia e uma noite, quando foi levado para a Cáritas Diocesana, órgão da Igreja Católica com atuação social. Foi convidado a integrar o Instituto Reação, do medalhista olímpico Flávio Canto.

As Olimpíadas de Tóquio começam em 23 de julho e vão até 8 de agosto. Inicialmente marcadas para 2020, foram adiadas por causa da pandemia de covid-19. A transmissão do coronavírus e a circulação de novas variantes fez com que o governo japonês decretasse estado de emergência. Com a medida, a capital japonesa não receberá público durante os Jogos Olímpicos.

Fonte: Poder360

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