HOJE NA HISTÓRIA – 1859: TEORIA DA EVOLUÇÃO DE DARWIN

IMAGEM: REPRODUÇÃO

“Quando os pontos de vista avançados por mim neste volume … forem geralmente admitidos”, escreveu o biólogo inglês Charles Darwin, “haverá uma revolução considerável na história natural”.  Esse “volume” – publicado pela primeira vez neste dia em 1859 – foi o ensaio de Darwin “Sobre a Origem das Espécies” e essa “revolução considerável” foi um pouco menos vantajosa.  Nunca um livro havia transtornado tão completamente a percepção da própria vida.

Darwin formulou pela primeira vez suas idéias sobre a evolução entre 1831 e 1836, enquanto explorava ilhas isoladas da biodiversidade, cada uma repleta de evidências evolutivas.  Embora outros cientistas (incluindo seu próprio avô, Erasmus Darwin) tivessem chegado a conclusões semelhantes sobre a evolução, foi o arsenal implacável de fatos de Darwin em “Na Origem das Espécies” que deu início ao longo processo de mudança de mentes.  Darwin esperou anos antes de publicar seu trabalho porque sua teoria refutou o criacionismo, o ensino religioso de que os humanos foram criados à imagem de Deus.

Embora sua teoria não mencionasse diretamente a evolução humana (que veio mais tarde em “Descent of Man”), Darwin estava certo em se preocupar – debates acirraram sobre seu trabalho por décadas.  Os especialistas acabaram aceitando os pontos de vista de Darwin e formaram a biologia evolutiva como um novo ramo da ciência, que consagrou a ideia de que toda a vida compartilhava um ancestral comum e que a mão lenta, mas firme, da seleção natural está sempre em ação.

Surgimento e conceito da teoria evolutiva

Quando o navio chegou na Cornualha, Inglaterra, em 2 de outubro de 1836, Darwin já tinha prestígio entre os círculos acadêmicos e científicos; em 1835 o mentor Henslow já tinha oferecido cartas de seu ex-pupilo para vários naturalistas renomados, melhorando ainda mais a sua reputação sobre conhecimento geológico. Assim que chegou na Inglaterra, Darwin visitou sua casa em Shrewbury e reencontrou parentes.

Dali partiu apressadamente para Cambridge para ver Henslow, que o aconselhou a encontrar naturalistas dispostos a catalogar as coleções e concordou em catalogar os espécimes botânicos ele mesmo. O pai de Darwin organizou investimentos que permitiram que o seu filho fosse autossuficiente em sua pesquisa científica e Darwin não perdeu tempo para divulgar e estudar os materiais coletados através de especialistas de Londres. Os zoologistas tinham bastante trabalho em atraso, e havia o perigo de espécimes serem simplesmente deixados em armazém.

Charles Lyell encontrou Darwin pela primeira vez em 29 de outubro daquele ano e o introduziu ao eminente anatomista Richard Owen, que tinha acesso a Royal Collage of Surgeons para estudar os fósseis coletados por Darwin. Ele encontrou vários achados surpreendentes, incluindo uma preguiça gigante e também o já reconhecido Megatherium, como também os desconhecidos Scelidotherium e um animal semelhante a um roedor do tamanho de um hipopótamo chamado Toxodon, bastante similar em certos aspectos com a moderna capivara.

Os pedaços de armadura eram na verdade pertencentes a um Glyptodon, uma criatura que inicialmente Darwin pensou que parecia com um tatu gigante. Todas essas criaturas extintas eram relacionadas com espécies que vivem atualmente na América do Sul.

Em meados de dezembro, Darwin tomou aposentos em Cambridge a fim de organizar seu trabalho e reescrever seus diários. Ele escreveu seu primeiro artigo em 1837, demonstrando que a massa de terra sul-americana estava lentamente elevando, sendo apoiado no processo por um entusiasmado Lyell que leu com ele os resultados para a Geological Society of London.

Na mesma época, Darwin apresentou seus espécimes de pássaros e mamíferos para a Sociedade Zoológica de Londres e o ornitologista John Gould não tardou em anunciar que os pássaros de Galápagos, os quais Darwin pensou se tratarem de “uma mistura de melro-pretos com fringilídeos”, eram, de fato, nada menos que doze espécies separadas de fringilídeos.

Em 17 de fevereiro, Darwin foi eleito para o Conselho da Geological Society e a posição de Lyell como presidente permitiu uma maior divulgação dos estudos de Owen sobre os fósseis de Darwin, ao apontar como as delimitações geográficas de cada espécie provavam as ideias uniformitaristas dele próprio.

No início de março, Darwin se mudou para Londres para ficar mais perto do seu trabalho, juntando-se ao grupo acadêmico de Lyell, que continha especialistas tais como Charles Bobbage que, por sua vez, descrevia Deus como o ‘programador das leis naturais’. Darwin se aproximou novamente do seu irmão e pensador livre Erasmus juntamente com uma de suas amigas próximas, a escritora Harriet Martineau, uma das promotoras do malthusianismo na controversa questão social sobre como melhorar o bem-estar ao reduzir a superpopulação e a pobreza.

Como uma unitarista, ela recebeu com agrado a ideia da transmutação de espécies, conceito promovido por Robert Edmond Grant e outros jovens cirurgiões influenciados por Étienne Geoffroy. A transmutação era anátema para os anglicanos defensores da ordem social, contudo chegou a ser bastante discutida entre cientistas de renome e despertou grande interesse nas cartas de John Herschel, que defendeu a metodologia de Lyell em desvendar os processos naturais na origem de novas espécies.

Gould reencontrou Darwin e contou-lhe que os Mimus das Ilhas Galápagos eram de espécies diferentes, não apenas variações de uma mesma, ocorrendo também ramificações nos tentilhões, como o Troglodytidae que igualmente pertencia ao grupo dos fringilídeos. Darwin não tinha etiquetado os fringilídeos ilha por ilha, mas através das anotações dos outros tripulantes, incluindo o capitão Fitzroy, conseguiu identificar a que ilha pertencia cada espécie. As duas Rhea também eram de espécies distintas e, em 14 de março, Darwin anunciou como a distribuição das novas espécies se modificava mais ao sul.

Em meados daquele março, Darwin especulou em um dos seus cadernos vermelhos a possibilidade de que “uma espécie se transforma em outra” para explicar a distribuição geográfica das espécies ainda vivas, como a rhea, e outras já extintas, como o estranho Macrauchenia, que tinha aspectos similares a um guanaco gigante. Seus pensamentos sobre o tempo de vida, reprodução assexual e sexual foram desenvolvidas no caderno apelidado de “B” durante os meados de julho para falar de variação na descendência para “se adaptar e modificar a corrida para um mundo em mudança” ao explicar as tartarugas-das-galápagos, Mimus e também as rheas.

Ele fez um rascunho de como seria descendência por ramificação, então uma ramificação genealógica de uma árvore evolutiva única, na qual “é um absurdo dizer que um animal é superior a outro”, descartando desta maneira as linhagens independentes de Lamarck progredindo para formas superiores.

FONTE: WIKIPÉDIA

Compartilhe:

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *