LUTA PELA DEMOCRACIA – 04 de Junho de 1989: Massacre da Praça da Paz Celestial (Tiananmen) na China

Foto tirada no dia do massacre é chamada de ‘Homem do Tanque’ EFE/ JEFF WIDENER

A 4 de junho de 1989, a China encerrou de forma brutal o protesto em massa por liberdade e democracia, na Praça da Paz Celestial (Tiananmen). A violência militar teve um saldo de 3.600 mortos e 60 mil feridos, aproximadamente.
Era uma noite quente quando os tanques cercaram a Praça da Paz Celestial, em Pequim. Foram apagadas as luzes da praça e iniciou-se a violência.

Cerca de 40 mil soldados haviam sido chamados do Norte do país, depois do batalhão estacionado na capital se ter negado a cumprir as ordens para acabar com a manifestação pacífica por liberdade e democracia, promovida durante seis semanas na praça central. Já os soldados do interior da Mongólia, com os seus experientes oficiais que haviam lutado no Vietnam, não conheciam estes escrúpulos.

Os tanques invadiram a praça e atropelaram os manifestantes. Até hoje, não se sabe o número exato de mortos, calculado entre 2 e 5 mil pessoas. Também estudantes que tentaram ajudar os feridos foram mortos.
Os protestos tiveram início seis semanas antes, após a morte do chefe do partido, Hu Yaobang. No dia 18 de Abril, milhares de universitários dirigiram-se em protesto para a praça central da capital chinesa. Eles reivindicavam a democratização do Partido Comunista e o combate à corrupção.

No dia 26 de Abril, o jornal Renmin Ribao, orgão oficial do governo em Pequim, criticou de forma severa o movimento estudantil e anunciou medidas repressivas no seu editorial. Ignorando a advertência, outros milhares de estudantes de 40 universidades do país deslocaram-se até a praça. Também os jornalistas se solidarizaram com o movimento e, pela primeira vez, promoveram uma manifestação exigindo liberdade de imprensa.

Nos primeiros dias do mês de maio, entretanto, ficava clara a cisão dentro da cúpula política. Enquanto o chefe do partido, Zhao Ziyang, mostrava compreensão em relação às reivindicações estudantis, o primeiro-ministro, Li Peng, e Deng Xiaoping defendiam a linha-dura.

A 13 de maio, os universitários reunidos na praça iniciaram a greve de fome, alguns inclusive recusavam-se a beber água. Li Peng decretou no dia 20 de Maio a lei marcial. Pouco depois, Zhao Ziyang foi deposto, selando a vitória da linha-dura do governo chinês.
A cisão começava a delinear-se também entre os manifestantes. Os mais radicais negavam-se a seguir a sugestão feita pela Aliança Universitária de Pequim, de encerrar a manifestação. No dia 29, artistas chegaram a elaborar uma estátua de espuma em homenagem à democracia, de 10 metros de altura, em plena Praça da Paz Celestial.

Na noite de 4 para 5 de junho, os tanques e caminhões com soldados avançaram sem piedade sobre os milhares de estudantes. A temida guerra civil como consequência do massacre acabou por não acontecer. O movimento pela democracia foi sufocado em sangue e a imprensa subjugada ao controlo estatal.

Fonte: DW

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