Mazzaropi: Google faz homenagem ao seu 109º aniversário: conheça a história deste gênio

Google faz homenagem ao 109º aniversário de Amácio Mazzaropi

Google faz homenagem ao 109º aniversário de Amácio Mazzaropi. Foto: Divulgação

 

Reprodução

Amácio Mazzaropi (São Paulo, 9 de abril de 1912 — São Paulo, 13 de junho de 1981) foi um ator, humorista, cantor e cineasta brasileiro. Considerado o maior cômico do cinema brasileiro, foi o primeiro artista que ficou milionário fazendo filmes no país. Suas produções foram fenômeno de público por mais de três décadas.

O teatro, o rádio e a televisão

Com a Revolução Constitucionalista de 1932, segue-se uma grande agitação cultural e Mazzaropi estreia em sua primeira peça de teatro, chamada A herança do Padre João. Já em 1935, consegue convencer seus pais a seguir turnê com sua companhia e a atuarem como atores. Até 1945, a Troupe Mazzoropi percorre muitos municípios do interior de São Paulo, mas não há dinheiro para melhorar a estrutura da companhia.

Com a morte da avó materna, Dona Maria Pita Ferreira, Mazzaropi recebe uma herança suficiente para comprar um telhado de zinco para seu pavilhão, podendo assim estrear na capital, com atuações elogiadas por jornais paulistanos. Depois, parte com a companhia em turnê pelo Vale do Paraíba. A grave situação de saúde de seu pai complica a situação financeira da companhia de teatro e, em 8 de novembro de 1944, morre Bernardo Mazzaroppi.

Dias após a morte de seu pai, estreia no Teatro Oberdan ao lado de Nino Nello, sendo ator e diretor da peça Filho de sapateiro, sapateiro deve ser, acolhida com entusiasmo pelo público.

Em 1946, convidado por Dermival Costa Lima, da Rádio Tupi, estreia o programa dominical Rancho Alegre, encenado ao vivo no auditório da emissora no bairro do Sumaré e dirigido por Cassiano Gabus Mendes. Em 1950, este mesmo programa estreou na TV Tupi, mas agora contava com a coadjuvação dos atores João Restiffe e Geny Prado. Mazzaropi tinha um hobby, gostava de cantar valsa, MPB e seresta com os seus amigos.

O cinema

Convidado por Abílio Pereira de Almeida e Franco Zampari, Mazzaropi estreia seu primeiro filme, intitulado Sai da Frente, em 1952, rodado pela Companhia Cinematográfica Vera Cruz, onde produziria mais dois filmes. Com as dificuldades financeiras da Vera Cruz, Mazzaropi faz, até 1958, mais cinco filmes por diversas produtoras.[1]

Naquele mesmo ano, vende sua casa e cria a PAM Filmes (Produções Amácio Mazzaropi) e passa não só a produzir, mas distribuir os filmes em todo o Brasil. A primeira obra da nova produtora é Chofer de Praça.

Em 1959, é convidado por José Bonifácio de Oliveira Sobrinho, mais conhecido como Boni, na época da TV Excelsior de São Paulo, a fazer um programa de variedades que fica no ar até 1962. Neste mesmo ano começa a produzir um de seus filmes mais famosos, Jeca Tatu, que estreia nos cinemas no ano seguinte.

Em 1961, Mazzaropi adquire uma fazenda onde inicia a construção de seu primeiro estúdio de gravação, que produziria seu primeiro filme em cores, Tristeza do Jeca, que foi também o primeiro filme veiculado na televisão, pela Excelsior, conquistando o prêmio de melhor ator coadjuvante, para Genésio Arruda, e melhor canção.

Cinco anos mais tarde, lança o filme O Corintiano, recorde de bilheteria do cinema nacional. Em 1972, é recebido pelo então presidente da República, o general Emílio Garrastazu Médici, ao qual pede mais apoio ao cinema brasileiro. Em 1973, produz Portugal, minha saudade, com cenas gravadas no Brasil e em Portugal.

No ano seguinte, começa a construir em Taubaté um grande estúdio cinematográfico, uma oficina de cenografia e um hotel para os atores e técnicos. A partir de então produz e distribui mais cinco filmes até 1979.

Morte

Seu 33º filme, Maria Tomba Homem, nunca seria terminado. Depois de 26 dias internado, Mazzaropi morre, vítima de um câncer na medula óssea aos 69 anos de idade no hospital Albert Einstein de São Paulo. Foi sepultado na cidade de Pindamonhangaba, no mesmo cemitério onde seu pai já repousava.[6] Nunca se casou, mas, segundo declarações de seu filho André Mazzaropi, nutriu durante a vida um amor platônico pela apresentadora e amiga Hebe Camargo; deixando também cinco filhos adotivos: Péricles Moreira (1943-?), Pedro Francelino de Souza (1954-2009), João Batista de Souza (1953-1983), Carlos Garcia (1942-2008) e André Luiz Mazzaropi.

Filmografia

Em três décadas, Mazzaropi participou de trinta e duas produções cinematográficas, as primeiras como ator, mas a partir de 1958, também como produtor. Faleceu antes de completar seu trigésimo terceiro filme, intitulado Maria Tomba Homem.

Ano  e  Título
1952  Sai da Frente  – Isidoro Colepicola
Nadando em Dinheiro
1953 Candinho – Candinho
1955 A Carrocinha – Jacinto
1956 Fuzileiro do Amor – José Ambrósio
O Gato de Madame – Arlindo Pinto
1957 O Noivo da Girafa – Aparício
1958 Chico Fumaça – Chico Fumaça
Chofer de Praça Caría – (Zacarias)
1959 Jeca Tatu – Jeca
1960 As Aventuras de Pedro Malazartes – Pedro Malazartes
Zé do Periquito – Zenó
1961 Tristeza do Jeca – Jeca
1962 O Vendedor de Linguiça- Gustavo
1963 Casinha Pequenina – Chico
1964 O Lamparina Bernardino – Jabá
Meu Japão Brasileiro – Fofuca
1965 O Puritano da Rua Augusta – Pundoroso
1966 O Corintiano Seu Mané – (Manoel)
1968 O Jeca e a Freira – Sigismundo
1969 No Paraíso das Solteironas – Joaquim Kabrito (J.K.)
Uma Pistola para Djeca – Gumercindo
1970 Betão Ronca Ferro – Betão
1972 O Grande Xerife Inácio Pororóca
1973 Um Caipira em Bariloche – Polidoro
1973 Portugal… Minha Saudade – Agostinho
Sabino
1974 O Jeca Macumbeiro – Pirola
1975 Jeca Contra o Capeta Poluído
1977 Jecão, um Fofoqueiro no Céu – Jecão
1978 O Jeca e seu Filho Preto – Zé do Traque
1979 A Banda das Velhas Virgens – Ananias (Gostoso)
1980 O Jeca e a Égua Milagrosa – Raimundo
1982 Maria Tomba Homem

A partir de Chofer de Praça, em 1958, além de ser o protagonista, Mazzaropi também acumula as funções de produtor e roteirista, colaborando frequentemente com os diretores. Recentemente foi lançada em DVD uma coleção de 22 de seus filmes, em sete volumes. Alguns tinham no título o nome Jeca, mesmo ele tendo interpretado esse personagem apenas no filme Jeca Tatu.

Discografia

Mazzaropi gravou quatro compactos em sua carreira. Em 1968 e em 1995, foram lançados discos com coletâneas de seus maiores sucessos no cinema.

Ano Título Gravadora
1956 Nhá Carola/Na piscina de madame (78 RPM) RGE
1958 Não chores mais/Isabé (78 RPM) Chantecler
1960 Azar é festa/Fogo no rancho (78 RPM) RGE
1961 Saudade/Jóia do sertão (78 RPM) Chantecler
1968 Os grandes sucessos de Mazzaropi RCA
1995 Os grandes sucessos de Mazzaropi, volume I Intermovies

Homenagens

Desde a década de 1980, a cidade de São Paulo conta com equipamentos culturais com filosofia descentralizada e objetivo de formar profissionais da arte e da cultura (ou reforçar a sua formação). A Oficina Cultural Amácio Mazzaropi foi criada em agosto de 1990 e está instalada num edifício centenário (de 1912), construído especialmente para abrigar a segunda mais antiga escola normal de São Paulo, a Escola Padre Anchieta. O Condephaat tombou o prédio em 1988. Trata-se de um centro fomentador da cultura brasileira, responsável em trabalhar o resgate da cultura popular e o intercâmbio entre artistas com atividades em diversas expressões. O objetivo é integrar artistas amadores e profissionais, formar públicos e ampliar sua atuação para bairros próximos do centro da cidade, como Brás, Pari, Belém e Mooca.[1]

A dupla sertaneja Pena Branca e Xavantinho dedicou a ele uma toada chamada Mazzaropi, incluída no LP Cantadô de mundo afora, lançado em 1990.[14] [15]

Outra homenagem é o longa-metragem Tapete Vermelho, produzido em 2006. É a história de um caipira, vivido por Matheus Nachtergaele, que resolve mostrar ao filho quem era Mazzaropi. No caminho até o cinema que exibe um filme do comediante, pai e filho se envolvem com violeiros que venderam a alma ao diabo, com mandingas, com o Movimento dos Sem-Terra, com vigaristas que lhes roubam a mula, com caminhoneiros e até com um milagre em Aparecida. Experiências que vão render a ambos uma grande lição sobre direitos humanos. A homenagem não para no argumento do filme, dirigido por Luiz Alberto Pereira: o ator Matheus Nachtergaele compõe um tipo com o mesmo andar e a mesma voz do ídolo.[1]

No Carnaval de 2013, a Escola de Samba paulistana Acadêmicos do Tucuruvi prestou uma homenagem a Mazzaropi pelo centenário de seu nascimento, ocorrido em 2012, apresentando o enredo Mazzaropi: o adorável caipira. 100 anos de alegria. [16]

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