UFRN – Desenvolvendo ensino, pesquisa e extensão, Labent celebra 15 anos de trajetória

Laboratório de Entomologia – Desenvolvendo ensino, pesquisa e extensão, Labent celebra 15 anos de trajetória


Por: Lívia Rodrigues

Fotos: Cícero Oliveira/cedidas

A palavra entomologia vem do idioma grego antigo e significa estudo dos insetos. É uma ciência bastante ampla que envolve diferentes áreas, como a morfologia, a fisiologia, a ecologia, a taxonomia sistemática, que trata da classificação dos insetos e também da resistência das plantas aos insetos. Na entomologia, procura-se entender diferentes relações estabelecidas com o ambiente, as plantas, com os outros animais de uma maneira geral e os próprios seres humanos.

A Universidade Federal do Rio Grande do Norte possui um Laboratório de Entomologia (Labent) que comemora 15 anos neste mês de dezembro. O laboratório faz parte do Centro de Biociências (CB/UFRN) e conta com diversos projetos de pesquisa e extensão dando ótimas oportunidades de aprendizado a toda comunidade acadêmica.

A entomologia se divide em diversas áreas, sendo elas: médica e veterinária, urbana e econômica, florense e entomologia florestal. Os pesquisadores do Labent se dedicam aos estudos da entomologia médica, ou seja, nesse grupo estão os insetos que atuam como vetores de diferentes patógenos. “Esses patógenos podem causar importantes doenças aos humanos como a malária, as leishmanioses, a doença de Chagas e muitas outras. As arboviroses que mais nos trazem problemas são dengue, chikungunya, zika e febre amarela. Então, nós procuramos compreender as relações desses insetos que transmitem os vírus com o ambiente, as pessoas e outros animais”, explica a professora Maria de Fátima Freire de Melo Ximenes, coordenadora do Labent.

Embora o laboratório também realize análises que avaliam a resistência e a sensibilidade dos insetos a diferentes espécies de plantas, o objetivo principal destes estudos é identificar e mapear os insetos para que haja controle da transmissão de vírus e agentes que causam doenças.

“Algumas dessas doenças têm uma incidência maior em certas áreas e regiões do país, ao passo que outras são mais incidentes em outros países do que no Brasil. Sendo assim, os laboratórios nas diferentes partes do mundo vão escolher os materiais a se trabalhar. A nossa região, Nordeste, é endêmica para algumas doenças importantes como leishmanioses e dengue. Então, nós estudamos os insetos que transmitem, o protozoário que causa a doença e a relação deles entre si e com as pessoas”, diz Maria de Fátima Freire de Melo Ximenes

Histórico do laboratório

Fundado no dia 1º de dezembro de 2006, o Labent foi pensado justamente pelo fato de o Nordeste ser uma região com doenças endêmicas que envolvem insetos, sendo assim, é possível estudar as doenças e os parasitas no mesmo local de trabalho. A professora Maria de Fátima Ximenes conta como foi o processo de fundação do Laboratório.

“Nós tínhamos um espaço bem pequeno em um dos corredores, uma salinha com menos de 10 m², e mesmo assim trabalhávamos como dava para poder registar o aumento de casos no nosso estado. Nós começamos a reivindicar mais espaço e conversar com o diretor do Centro de Biociências. Então, por meio da Finep (Financiadora de Estudos e Projetos) e com apoio do Ministério Ciência e Tecnologia, nós conseguimos os recursos para a construção do laboratório”.

Todas as pesquisas realizadas pelo Labent têm um impacto muito forte na saúde pública e os estudantes de graduação e pós-graduação desenvolvem projetos no laboratório sob a orientação dos professores coordenadores. Geralmente, os trabalhos de conclusão de curso, monografias, dissertações e teses destes alunos são voltados à compreensão de diferentes aspectos da Biologia e da Ecologia dos insetos vetores em diversas áreas do estado.

Professora Maria de Fátima Freire de Mello Ximenes, coordenadora do Labent – Foto cedida

Além de tudo isso, o Laboratório de Entomologia pesquisa também alternativas para o controle da população de insetos vetores por meio de extratos de componentes de plantas  e de metodologias educativas para a prevenção de doenças associadas aos insetos. As ações de extensão ocorrem de forma integrada à pesquisa, a fim de divulgar os projetos, difundir e popularizar o conhecimento científico vivenciado em exposições, feiras, cursos de capacitação e outros espaços.

Projetos

O Laboratório de Entomologia realiza muitos projetos dentro e fora da universidade que variam de acordo com os recursos disponibilizados para realização das pesquisas. Isso também influencia no tempo de duração das atividades desenvolvidas. Um dos principais foi o projeto de pesquisa ecológica de longa duração, desenvolvido pelo grupo da Universidade Federal da Paraíba junto com a UFRN, que entrou em vigor em 2001 e durou quase doze anos. Para o desenvolvimentos dessas pesquisas é preciso recursos como carro, por se tratar de trabalho que exige muitas idas ao campo, locação para dormir, pois algumas pesquisas duram vários dias e noites, algo que traz uma dificuldade a mais, visto que alguns estudos necessitam do laboratório para serem conclusivos. É no laboratório onde se encontram os equipamentos que permitem experimentos.

Uma das colaboradoras do Labent, Virgínia Penéllope, relata sua experiência e conta como funcionam algumas das pesquisas que estão sendo realizadas atualmente.

“Eu ingressei no Laboratório de Entomologia como aluna de graduação, fiz minha monografia, meu mestrado e doutorado e agora atuo como servidora. O Labent agrega alunos dos mais diversos cursos de graduação e pós-graduação e tem como principais linhas de pesquisa insetos transmissores de doenças. Inicialmente, trabalhávamos apenas com flebotomíneos, vetor das leishmanioses, mas atualmente também trabalhamos com culicídeos, principais transmissores das mais conhecidas arboviroses, dengue, zika e chikungunya. Os projetos desenvolvidos no laboratório tratam principalmente de características biológicas, identificação de espécies e acompanhamento de ciclos biológicos” conta Virgínia Penéllope.

O virologista e professor da UFRN, Josélio Araújo, também trabalha nos projetos, atuando nas pesquisas de identificação de arbovírus em mosquitos. “A identificação do arbovírus é realizada por testes moleculares como transcrição reversa seguida da reação em cadeia da polimerase (RT-PCR) e sequenciamento do genoma viral”, explica.

Extensão

Como um dos principais objetivos do laboratório é justamente estabelecer um parâmetro em relação aos insetos e meio ambiente, é de total importância a existência de atividades que disseminem informação correta nas comunidades. A professora Maria de Fátima Freire de Melo Ximenes conta sobre um dos projetos de extensão realizados.

Estudantes desenvolvem projetos no laboratório sob orientação dos professores coordenadores – Foto cedida

“Em dezembro de 2019, nós desenvolvemos uma ação de extensão bem interessante em um dos municípios do nosso estado que estava com uma taxa bastante elevada de Aedes aegypti. Então, a Secretaria de Saúde daquele município e o próprio prefeito nos procuraram para uma reunião e montamos um curso de capacitação para endemias. Esse curso foi muito proveitoso, fomos até lá e planejamos algumas atividades de divulgação, com exposição de vídeos a respeito do inseto vetor, tanto com crianças de escola pública do município quanto com os agentes de endemias que estavam no local”.

Monitoramento do Aedes Aegypti 

O monitoramento do Aedes aegypti começou antes mesmo da fundação do laboratório, veio especificamente da preocupação com os focos de mosquito nas dependências do Centro de Biociências e então foi elaborado um plano de ação no campus universitário que segue suas atividades até hoje.

Foram instaladas armadilhas em alguns pontos específicos, as quais são recolhidas semanalmente e levadas ao laboratório para análise dos mosquitos capturados. Além disso, essas armadilhas trazem material para estudos de alguns alunos para que mantenham a colônia do próprio inseto. Esse monitoramento é importante para saber o que acontece ao longo do tempo e determinar quais setores do campus concentram maiores infestações.

Virgínia Penéllope explica como funciona o processo de identificação dos insetos. “É feito utilizando estereomicroscópios, microscópios e chaves de identificação sistemática. Dispomos também de um insetário que nos permite acompanhar os ciclos biológicos, no qual mantemos os imaturos dos insetos (fase de ovo, larva e pupa) e acompanhamos sua evolução. Agora, devido à pandemia, só temos colônia de Aedes”, conta.

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