O vencedor de “Succession” não é quem você pensa (Rodrigo Salem)

A série da HBO terminou neste domingo com um final arrebatador. Mas o sucessor não é quem venceu o jogo.
“Succession” acabou.
Uma das melhores séries dos últimos anos disse adeus da melhor maneira possível: honrando sua história.
Como falei no meu texto da semana passada sobre a possibilidade do primo Greg (Nicholas Braun) assumir o trono, os roteiristas de “Succession” nunca foram adeptos da obviedade.
Seguir a jornada do anti-herói seria compreensível, mas contrastante com o tom do programa.
Principalmente se Kendall Roy tivesse saído vencedor da sucessão do pai.
Tom Wambsgans (o brilhante Matthew Macfadyen), no fim, foi escolhido como o CEO da nova Waystar sob o guarda-chuva da GoJo. Shiv (Sarah Snook), responsável pelo voto de minerva, assumiu o posto de rainha-regente do reino Macbethiano.
Me incomoda um pouco que ela tenha se submetido a isso. Mas não diria que é um problema.
Você pode argumentar tanto para a defesa (ela ainda está no poder ao lado de um marido manipulável) quanto para o ataque (se rendeu a homens que destruíram suas ambições como mulher e empresária).
Série que termina e não gera discussões não fica para a história.
E há muito para se discutir, menos a qualidade do final.
O capítulo derradeiro fez o que chamam de “bookend” em roteiros, um reflexo espelhado do seu início, trocando Logan (Brian Cox) por Tom.
Os nós foram desatados:
Roman (Kieran Culkin) e seus problemas com os abusos do pai, simulados aqui pelo “abraço” violento do irmão, uma das cenas de maior impacto da série, na minha opinião.
Ken (Jeremy Strong) e seus crimes, que começam na água, passam pela água (na piscina da Itália) e terminam na água – por um momento, achei que ele fecharia o ciclo se jogando para a morte no rio Hudson e, no podcast oficial da HBO, foi revelado que um final alternativo foi filmado com Ken subindo na mureta, mas agarrado pelo seu segurança (o mesmo do pai).
Shiv e sua falsa perspectiva interna de que é um poço de moralidade dentro de uma família amoral viraram ao avesso.
Connor, mamando nas tetas das cinzas do pai enquanto espera mendigar algum amor -que tal uma série com Alan Ruck nas suas escapadas românticas na Europa Oriental?
“Succession” conseguiu trazer quase todos os principais personagens da família, inclusive a mãe (Dame Harriet Mary Walter) e Logan para um encerramento novelesco de primeira.
A teoria maluca do beisebol estava certa.
Mas seria Tom realmente o grande vencedor de “Succession”?
Pelas palavras dos executivos na recepção, seu fim parece próximo a partir do momento em que pisar como CEO na nova empresa.
Ele, contudo, é ardiloso, puxa-saco, submisso.
Notaram como a postura de Macfadyen mudou nas suas cenas finais? Quase como a mudança de Clark Kent para Super-Homem por Christopher Reeve.
Mas gostaria de deixar uma coisa aqui.
Tom Wambsgans não é o grande vencedor de “Succession”.
Lukas Matsson é um vencedor de “Succession”. Querendo ou não, ele é o novo Logan Roy, não Tom.
Nosso americanocentrismo não quis enxergar isso, mas é o sueco que manda “na porra toda” agora.
Tom é um fantoche. Um fantoche perigoso, claro.
Mas o grande vencedor de “Succession” é… o espectador.
Que acompanhou uma jornada de estrutura repetida e personagens apaixonantes por quatro temporadas sem ficar o tempo todo pensando em quem seria o sucessor de Logan.
Se divertiu, chorou, ficou com raiva, teve vergonha, se apaixonou pela pessoa errada.
Tudo que faz uma bela novela shakespeariana.
O fim foi apenas um bom detalhe. Mesmo “Game of Thrones” não ruiu no último episódio. Ela se perdeu nas duas últimas temporadas. E, mesmo assim, foi o suficiente para mudar a cultura pop.
A série da HBO terminou neste domingo com um final arrebatador. Mas o sucessor não é quem venceu o jogo.
O vencedor de “Succession” não é quem você pensa
A série da HBO terminou neste domingo com um final arrebatador. Mas o sucessor não é quem venceu o jogo.
“Succession” acabou.
Uma das melhores séries dos últimos anos disse adeus da melhor maneira possível: honrando sua história.
Como falei no meu texto da semana passada sobre a possibilidade do primo Greg (Nicholas Braun) assumir o trono, os roteiristas de “Succession” nunca foram adeptos da obviedade.
Seguir a jornada do anti-herói seria compreensível, mas contrastante com o tom do programa.
Principalmente se Kendall Roy tivesse saído vencedor da sucessão do pai.
Tom Wambsgans (o brilhante Matthew Macfadyen), no fim, foi escolhido como o CEO da nova Waystar sob o guarda-chuva da GoJo. Shiv (Sarah Snook), responsável pelo voto de minerva, assumiu o posto de rainha-regente do reino Macbethiano.
Me incomoda um pouco que ela tenha se submetido a isso. Mas não diria que é um problema.
Você pode argumentar tanto para a defesa (ela ainda está no poder ao lado de um marido manipulável) quanto para o ataque (se rendeu a homens que destruíram suas ambições como mulher e empresária).
Série que termina e não gera discussões não fica para a história.
E há muito para se discutir, menos a qualidade do final.
O capítulo derradeiro fez o que chamam de “bookend” em roteiros, um reflexo espelhado do seu início, trocando Logan (Brian Cox) por Tom.
Os nós foram desatados:
Roman (Kieran Culkin) e seus problemas com os abusos do pai, simulados aqui pelo “abraço” violento do irmão, uma das cenas de maior impacto da série, na minha opinião.
Ken (Jeremy Strong) e seus crimes, que começam na água, passam pela água (na piscina da Itália) e terminam na água – por um momento, achei que ele fecharia o ciclo se jogando para a morte no rio Hudson e, no podcast oficial da HBO, foi revelado que um final alternativo foi filmado com Ken subindo na mureta, mas agarrado pelo seu segurança (o mesmo do pai).
Shiv e sua falsa perspectiva interna de que é um poço de moralidade dentro de uma família amoral viraram ao avesso.
Connor, mamando nas tetas das cinzas do pai enquanto espera mendigar algum amor -que tal uma série com Alan Ruck nas suas escapadas românticas na Europa Oriental?
“Succession” conseguiu trazer quase todos os principais personagens da família, inclusive a mãe (Dame Harriet Mary Walter) e Logan para um encerramento novelesco de primeira.
A teoria maluca do beisebol estava certa.
Mas seria Tom realmente o grande vencedor de “Succession”?
Pelas palavras dos executivos na recepção, seu fim parece próximo a partir do momento em que pisar como CEO na nova empresa.
Ele, contudo, é ardiloso, puxa-saco, submisso.
Notaram como a postura de Macfadyen mudou nas suas cenas finais? Quase como a mudança de Clark Kent para Super-Homem por Christopher Reeve.
Mas gostaria de deixar uma coisa aqui.
Tom Wambsgans não é o grande vencedor de “Succession”.
Lukas Matsson é um vencedor de “Succession”. Querendo ou não, ele é o novo Logan Roy, não Tom.
Nosso americanocentrismo não quis enxergar isso, mas é o sueco que manda “na porra toda” agora.
Tom é um fantoche. Um fantoche perigoso, claro.
Mas o grande vencedor de “Succession” é… o espectador.
Que acompanhou uma jornada de estrutura repetida e personagens apaixonantes por quatro temporadas sem ficar o tempo todo pensando em quem seria o sucessor de Logan.
Se divertiu, chorou, ficou com raiva, teve vergonha, se apaixonou pela pessoa errada.
Tudo que faz uma bela novela shakespeariana.
O fim foi apenas um bom detalhe. Mesmo “Game of Thrones” não ruiu no último episódio. Ela se perdeu nas duas últimas temporadas. E, mesmo assim, foi o suficiente para mudar a cultura pop.
Espero que você tenha aproveitado cada momento de “Succession”.
Eu curti.
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