Semana Santa ou um “feriadão com fartura”? (Minervino Wanderley)

Reprodução 93 Notícias

Meus amigos, passamos por mais uma semana em que a Igreja Católica se dedica a recontar a História dos últimos dias de Jesus Cristo entre os Homens.

Porém, antes de entrar no assunto sobre o qual desejo comentar, peço licença para enveredar por um assunto que me deixou encafifado.

Foi assim:
No sábado, véspera do Domingo de Páscoa, fui a um supermercado comprar um ovo de chocolate para meu neto. Pensei em ser coisa rápida, mas me enganei redondamente.

Ao chegar no local onde os chocolates ficam expostos, havia um tumulto. Me aproximei e presenciei verdadeiras batalhas pela posse de um mero ovo. E, curiosamente, eram mulheres que se engalfinhavam. Para ficar tudo mais surreal, tinha uma coelha tentando separar as briguentas. Exatamente isso: uma coelha.

Então, além de ficar espantado com as cenas que beiravam o ridículo, uma coisa me veio à cabeça: o que danado tem a ver o ovo com o coelho?

Deve ter uma explicação. Mas, fui forte e não pesquisei no Google. Deixei minha mente viajar em busca de alguma lógica nessa – pelo menos para mim – esquisita relação entre um ovo e um coelho. Foi em vão.

Ora, os coelhos se reproduzem muito, é sinal de fertilidade, mas não põem ovos. De onde vêm os ovos? Em que momento as galinhas vão entrar na situação? Não, não tentem me explicar que não quero entender.

Bem, agora vamos reencontrar o motivo que me levou a escrever. A começar pelo título, que parece uma pergunta estranha, mas não é. “Semana Santa ou feriadão?”.

Se fôssemos julgar pela correria em shoppings e supermercados, não teríamos dúvidas de que se tratava de mais um daqueles sonhados “feriadões”.

Muitos compram carne para churrasco, caixas de cerveja – ou outra bebida qualquer, – montam uma “play list” com o que há de mais novo e correm para as praias, para as fazendas ou coisa que o valha. Para outros, um resort “all inclusive” cai bem, né?

O negócio é se divertir e relaxar. “Puxa, estava mesmo precisando de uns dias de folga. O trabalho no escritório está pesado.”, dizem uns. “Já comprei minha passagem para Buenos Aires! Finalmente vou conhecer um tango autêntico.”, suspiram outros. São dias de folga para eles.

Mas, bem longe do alvoroço de shoppings e supermercados, e mais distante ainda do aeroporto e estradas, têm pessoas que enxergam nesses dias o seu verdadeiro significado. São os que voltam seus pensamentos para um Ser que deu sua vida por todos nós.

São pessoas que dariam tudo para ajudar a Jesus com o peso da Sua cruz. Que chegariam a dar suas vidas em troca da Dele. Que não reclamam das dificuldades naturalmente apresentadas pela vida. Que se esquecem deles mesmos para ajudar a um irmão em necessidades. Que dividem seus – às vezes – minguados alimentos com aqueles que nada têm.

Bons de coração e de espírito, nunca esperam nada em troca do que ofertam. São os verdadeiros cristãos. Cristãos autênticos, daqueles que não só o dizem que são, mas agem como tal.

Eles estão reunidos em igrejas, capelas. Outros, num gesto ainda maior, saem anonimamente pelas ruas levando, além de roupas e alimentos, também distribuem esperança e a fé em dias melhores para criaturas que vivem à margem da sociedade. São pobres e miseráveis invisíveis.

Semana Santa! Muito poucos sabem realmente pelo que Jesus passou durante esses dias. Ele foi traído, humilhado, injustiçado, incompreendido, desprezado, rejeitado, ferido, moído, afligido e, sem reclamar, foi tal qual um cordeiro, abatido sem perdão pelas mãos dos homens. Morreu crucificado entre dois ladrões.

A passagem de Deus Homem pela terra deixou muitos ensinamentos. Dois mil anos são passados, e Ele continua vivo dentro daqueles que Nele creem. Tudo pelo que passou transformou-se em ensinamentos.

Ora, quem de nós não pecou, que atire a primeira pedra. Tenhamos coragem para dar a outra face quando agredidos. Não desejemos ao próximo o que não desejamos para nós. Quando dermos uma esmola, que a nossa mão esquerda não saiba o que está fazendo a direita. Prova de amor maior não há, do que dar a vida por um irmão. São muitas lições e a maioria já encravada no nosso cotidiano. Falta por em prática.

Não tenho a pretensão de me sentir “puro” ao escrever esse pobre texto. Ele já me perdoou por tantos erros e me ensinou a interpretar seus ensinamentos. Bastou só que abrisse os olhos e enxergasse além do meu nariz. Sinto-me bem melhor hoje. Tenho duas mães lá em cima que cuidam de mim e creio que Jesus está sempre ao meu lado.

Para finalizar, não farei uso de palavras provindas de nenhum santo, mas seus efeitos são maravilhosos. Falo de Renato Caldas, poeta do Açu, que um dia disse: “Vou ser honesto, direito e nunca farei mal a ninguém; sei que não vou ajeitar o mundo, mas serei um canalha a menos”.

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Comentário (1)

  • Solange Valverde Responder

    Muito prudente seu texto e muito bem escrito . Só mudaria um detalhe troque igreja católica por Cristãos somente , sem denominação . Bjo

    1 de abril de 2024 at 20:24

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