Pesquisa mostra que a BNCC foi referência para 90% dos professores durante a pandemia

• Os números são de pesquisa Datafolha, encomendada pela Fundação Lemann, que ouviu 1.005 professores da rede pública entre setembro e outubro de 2020;

• Três anos após a aprovação da primeira parte da BNCC, que estabelece o que estudantes brasileiros têm direito de aprender, dados indicam avanços no Brasil

Em 2020, ano previsto para a chegada da BNCC (Base Nacional Comum Curricular) às salas de aula do Brasil, as escolas brasileiras tiveram de ser fechadas e professores e gestores escolares tiveram de se reinventar por causa da pandemia do novo coronavírus. Uma pesquisa Datafolha, encomendada pela Fundação Lemann, realizada com 1.005 professores da rede pública entre setembro e outubro de 2020, mostra que a implementação da BNCC, documento que determina o que todos os estudantes brasileiros têm o direito de aprender em cada ano da educação básica, encontrou o seu caminho em meio aos desafios impostos pela crise: 90% dos professores concordam que a BNCC tem sido uma referência para direcionar o que é prioritário ensinar em um momento desafiador como o provocado pela pandemia.

O estudo também mostra que, para 88% dos educadores, a BNCC ajuda a planejar aulas mais engajadoras, 89% dizem que ajuda a diagnosticar a aprendizagem dos alunos, e 87% afirmam que apoia o planejamento de iniciativas de acolhimento e o trabalho considerando habilidades socioemocionais. Ainda segundo os professores, 71% dizem que receberam formação sobre o novo currículo de sua rede de ensino local.

Novos currículos

A BNCC para a Educação Infantil e o Ensino Fundamental foi aprovada em dezembro de 2017. As redes estaduais e municipais de ensino tiveram, então, de reelaborar seus currículos de acordo com o que determina o documento normativo nacional. Já a BNCC para o Ensino Médio foi aprovada em 2018 e os novos currículos da estão em processo de homologação pelas secretarias estaduais.

O Movimento pela Base, organização criada para acompanhar, apoiar e monitorar a sua implementação nos estados, lançou o Observatório da Implementação da BNCC e do Novo Ensino Médio, que mostrou avanço em 2020 neste aspecto: dos 5.569 municípios brasileiros, 4.504 já homologaram seus novos currículos em linha com o documento, na Educação Infantil e no Ensino Fundamental. Destas cidades, a maioria foi por adesão total ou parcial aos currículos estaduais (4.477). Sobre estes últimos, todas as 27 unidades federativas já fizeram o alinhamento.

O Observatório também aponta que, em relação ao Ensino Médio, que São Paulo foi o primeiro estado a homologar o novo currículo, em agosto de 2020. Outros 16 enviaram seus referenciais curriculares aos conselhos estaduais – destes, três já foram aprovados. Três das 27 unidades federativas do Brasil estão em fase de consulta pública.

Outros dados inéditos, além de análises de especialistas e exemplos práticos de como a Base está chegando às escolas, estão disponíveis na plataforma , lançada no dia 08 de dezembro de 2020.

Estudo da Universidade de Columbia

Um estudo do Consórcio para Pesquisas em Políticas Educacionais (CPRE, em inglês), liderado pela Universidade de Columbia, analisou o alinhamento dos novos currículos estaduais à Base Nacional Comum Curricular, mais especificamente aos componentes de Matemática e História, nos 3º e 5º anos do Ensino Fundamental. O estudo identificou que praticamente todas as habilidades da BNCC foram contempladas nos currículos estaduais.

Em 12, das 27 unidades federativas, houve inclusão de algum tipo de informação suplementar na sua estrutura curricular.

BNCC e pandemia

Por causa da suspensão das aulas presenciais e das dificuldades impostas pela nova dinâmica de realização das atividades escolares, as redes de ensino passaram a optar pela flexibilização curricular, ou seja, a definição de habilidades prioritárias a serem ensinadas nesse contexto atípico. Dentre os professores ouvidos pela pesquisa Datafolha encomendada pela Fundação Lemann, 73% dizem que a sua rede de ensino propôs priorização dentre as habilidades previstas no currículo de forma a orientar o trabalho pedagógico neste contexto de pandemia; 12% dizem que a rede não propôs, mas foram orientados a priorizar; e 16% dizem que não houve priorização nem orientação para realizarem esse trabalho.

Para apoiar os educadores e gestores escolares a identificarem como os alunos estão em relação aos conhecimentos e habilidades esperados para cada etapa de ensino e, a partir de uma avaliação diagnóstica, auxiliar na construção de planos de aula efetivos, ancorados na Base Nacional Comum Curricular (BNCC), foi lançada a Plataforma de Apoio à Aprendizagem . A ferramenta gratuita, disponível para todas as redes, é uma iniciativa do Consed e da Undime, por meio da Frente de Avaliação, com o apoio de organizações da sociedade civil, como Fundação Lemann, Itaú Social, Banco Interamericano de Desenvolvimento, Fundação Roberto Marinho, Instituto Reúna e Instituto Ayrton Senna. A plataforma foi desenvolvida pelo CAEd-UFJF.
Compartilhe:

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *