Aos 95 anos, vovó comanda empresa de chás orgânicos em SP: ‘Tenho muito futuro pela frente’

Em Registro, município de 56 mil habitantes no interior paulista, uma idosa de 95 anos tem comandado uma empresa familiar de chás orgânicos passada adiante de geração em geração.

A empreendedora Ume Shimada está à frente do Sítio Shimada – Chás Artesanais e Turismo, herdado dos pais na década de 1960.

Em entrevista ao Jornal do Sebrae, Terezinha Shimada, 67, filha de Ume, disse que aquela época o chá preto era muito popular.

“Meus pais eram muito batalhadores. Era um trabalho muito difícil, eles colhiam a Camellia sinensis (planta de cuja folha se originam vários tipos de chá) e vendiam para as fábricas, que processavam o chá preto”, explicou.

Devido à idade, Ume já não consegue atuar na linha de frente de produção dos chás. Hoje, ela supervisiona “de longe”, diz Terezinha, e costuma “puxar a orelha” da filha de vez em quando.

Minha mãe é muito cativante, hoje tem 95 anos, adora conversar com os turistas. Quando ela começou, aos 87, ela era muito ativa mesmo, colhia chá, participava da produção e até me deixava para trás”, brincou.

A idosa é brasileira casada com um japonês. Filha mais nova, é a única que decidiu continuar no Sítio – as demais partes da propriedade foram vendidas pelos irmãos mais velhos.

De acordo com Terezinha, até “algumas” décadas atrás, sua família mantinha (além do chazal), uma horta cheia de produtos ligados à comida oriental, que eram vendidos para a cidade.

“Por muito tempo, o chazal continuou a produzir matéria-prima para fábricas. Era como nossa família se sustentava, junto com a produção de lichias”, explicou.

Com o passar do tempo, Ume resolveu arrendar o sítio e sua família foi morar na capital paulista. O negócio só foi retomado há quinze anos, com muitas dificuldades.

Em 2011, os compradores recusaram o chazal de Ume. Mas ela não desistiu: três anos depois, disposta a não deixar a tradição familiar morrer, a empreendedora (na época com 87 anos), resolveu produzir o próprio chá.

Aos 95 anos, vovó comanda empresa de chás orgânicos em SP

“O negócio começou com ela e um entusiasta de chás, o Tomio Makioti, que trabalhou em fábricas e entendia de máquinas, e também tinha essa preocupação de não acabar com a tradição do chá preto. Conversando entre eles, fizeram uma fábrica no sítio”, explicou Terezinha.

Nos anos seguintes, a qualidade do chá melhorou bastante graças às técnicas e dicas de especialistas consultados pela matriarca. Hoje, o Sítio Shimada tem até certificado orgânico – o que ajudou a valorizar seus produtos, como o chá preto, verde, branco, lichia e até broto de bambu.

Gente até do exterior compra de Dona Ume, cujo negócio é acompanhado pelos filhos, netos e nora dela. “Nós somos em seis irmãos e todos têm uma atividade. Foi a dona Ume que começou, mas os filhos, sobrinhos e netos também gostam muito – a quinta geração da família já está envolvida”, afirmou Terezinha.

Além do sucesso no mundo dos negócios, o Sítio Shimada também virou um sucesso turístico, que recebe pessoas de várias partes do país, além de escolas de sommeliers interessadas na produção de chás.

Com frequência, a família Shimada também promove degustações e passeios que mostram todo o processo interno do Sítio – um dos hobbies preferidos de Ume, que sofreu um pouco durante a pandemia.

“O que minha mãe me diz é para nunca deixar acabar a produção de chá e, pelo que vejo da minha família, nosso negócio tem muito futuro pela frente“, afirmou a filha.

Fonte: Exame
Fotos: Flávio Florido/Carlos Raphael do Valle Eirelle-ME/SEBRAE

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