No Brasil, um dispositivo vigorou de 1916 a 2003, permitindo homens de anular o casamento caso descobrissem que suas esposas não eram virgens antes do matrimônio. Por sorte, hoje é lembrança do passado. Contudo, hoje, 2022, a prática que autoriza homens exigirem certificação da castidade de mulheres ainda é comum no Irã.
Ainda que a Organização Mundial da Saúde (OMS) considere a prática um atentado aos direitos humanos, no país asiático ainda é comum que mulheres, após firmarem noivado, encaminhem-se ao médico com o objetivo de realizar um exame que comprovará sua virgindade.
Não é só o Irã; não é só o homem
Por mais absurda que a certificação de virgindade seja, o caso do Irã não é sua exclusividade. Dados da OMS apontam que muitos países realizam o infame exame, com anuência de seus líderes e da legislação local. Na lista, país como Indonésia, Iraque e Turquia, conhecidos pela restrição de direitos às mulheres.
Talvez o detalhe mais sórdido da existência da prática seja a pressão exercida pelas famílias. A Organização Médica Iraniana declara que só realiza o procedimento em processos judiciais e acusações de estupro. Todavia, as nações citadas são conhecidas pela população conservadora, não sendo incomum que recorram a clínicas particulares.
Na maior parte das vezes, as mulheres chegam acompanhadas das próprias mães. Curiosamente, por vezes o pedido parte da família da mulher, que deseja manter intacta a imagem familiar. Médicos relatam que, às vezes, o próprio casal já se relacionou sexualmente, e que a família quer impedir que a “vergonha” recaia sobre todos eles.
Crescem os pedidos pelo fim da prática
Uma onda pela defesa das mulheres vem crescendo no Irã. Ainda que a virgindade ser um valor enraizado na cultura local, movimentos têm defendido que a prática da certificação seja abolida. Em novembro do ano passado, uma petição online que defendia o fim do teste recebeu incríveis 25 mil assinaturas no período.
Nunca antes na história do Irã tantas pessoas tinham se colocado abertamente contrárias ao teste. Mulheres que já o realizaram afirmam que a sensação é pior que ter sua privacidade violada, assemelhando-se a uma humilhação pública.
Em situações de desespero, mulheres que têm condições recorrem à reparação do hímen. Diferente do exame, há uma grande barreira social para a realização do procedimento, que mesmo não sendo ilegal pode colocar hospitais em risco.
Organizações dizem ter esperança de mudança
Organizações de direitos das mulheres se dizem esperançosas de quem ventos de mudanças possam chegar aos países que ainda conduzem este tipo de prática. No caso iraniano, a petição não deve trazer nenhum mudança a curto prazo. Ainda assim, milhares de mulheres a têm assinado.
A pressão internacional é grande para que os certificados de virgindade deixem de ser solicitados. A realidade pode vir a diferir em nações como a Indonésia e Turquia, mais suscetíveis às sanções da comunidade internacional, em especial da comunidade europeia e dos Estados Unidos.
Mesmo que o horizonte ainda seja turbulento, o crescimento das manifestações em favor do fim dos testes indicam que a esperança pode não ser em vão.
Fonte e fotos: Mega Curioso
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