Alerta vermelho: Netflix perde assinantes pela 1ª vez em uma década! (Rodrigo Salem)

Gigante do streaming fechou o primeiro trimestre de 2022 com menos assinaturas. Mas o que isso significa e o que a empresa pode fazer?

Pela primeira vez em 10 anos, a Netflix anunciou que PERDEU assinantes.

A revelação veio com a divulgação do balanço do primeiro trimestre de 2022 da empresa de streaming.

Wall Street já esperava números baixos, principalmente por analisar a queda do serviço em 2021 depois de um ano fantástico e anormal por causa dos isolamentos pandêmicos.

A Bloomberg até apelidou o 23 de janeiro de 2022, data da divulgação do anúncio dos números do último trimestre do ano passado, de“o pior dia na década” para a empresa.

Isso porque o crescimento foi abaixo do esperado. Mas foi um crescimento.

Agora, os números foram negativos e temos um novo “pior dia da década da Netflix” -talvez o segundo de vários, considerando que o segundo trimestre de 2022 ainda terá os reflexos da invasão russa à Ucrânia, ação que fez a Netflix suspender seus serviços na Rússia, região com cerca de 1 milhão de assinantes.

Em 2022, a Netflix perdeu 200 mil assinantes totais no mundo inteiro, interrompendo um crescimento contínuo de uma década.

Foram 600 mil a menos somente nos EUA, onde a companhia aumentou o preço das assinaturas. Por sorte, ela teve um grande avanço na Ásia, ganhando um milhão de assinaturas naquele continente -sem a China.

Muitos podem alegar que é um ajuste de mercado no mundo pós-pandêmico. Não chega a ser uma declaração absurda, mas não ajuda quem investiu na Netflix: todos os ganhos da pandemia já foram apagados e os números agora já estão abaixo os últimos meses pré-pandêmicos.

No mundo inteiro, a Netflix agora possui 221,64 milhões de assinantes e ainda lidera facilmente o mercado de streaming. Mas o alerta vermelho foi ligado: as ações da companhia caíram 17% depois do anúncio de hoje.

Você pode pensar: “ah, números irrisórios em comparação ao âmbito geral”. Mas não é assim que empresas de tecnologia como a Netflix funcionam. Seu valor de mercado, que muitos dizem ser irreal, está diretamente ligado ao crédito financeiro, que, por sua vez, dá os recursos para a companhia bancar seu produto principal -sim, séries e filmes.

É uma serpente que se alimenta do próprio rabo. Quando algo sai do trilho e não é bem administrado, pode fazer uma companhia ruir da noite para o dia -sugiro que vocês, ironicamente, vejam séries como “The Dropout”, “Super Pumped” e “WeCrashed” para entender um pouco mais o funcionamento do mercado de tecnologia, mas sem cair no sono.

Isso não significa que a Netflix está perto do fim. Mas os números vão afetar todos os serviços de streaming e esse pode ser o início concreto do estouro da bolha do streaming, algo que bato na tecla há algum tempo.

Os investidores vão pensar duas vezes antes de colocar seus milhões em empresas que rendem pouco (ou menos que outras áreas) e isso pode enfraquecer consideravelmente marcas que estão gastando o que não tem para expandir catálogos e comprar conteúdo como se não houvesse amanhã.

Sem a confiança do mercado, não há os bilhões necessários para grandes expansões e loucuras criativas. Quem não depende tanto disso (Amazon, Apple), deve estar indo à toa.

Não se engane. Da maneira que está, é impossível.

O consumidor não tem grana para tantos serviços. Não há conteúdo de qualidade o suficiente para sustentar o modelo de dezenas de serviços diferentes de streaming. E há uma clara exaustão do comprador.

Vai ser muito parecida com a bolha da Internet e suas dezenas de provedoras que hoje não passam de uma memória afetiva. Sobrarão umas cinco gigantes do streaming e mesmo essas sobreviventes serão integradas a outros serviços.

A própria Netflix já começou a investir em games.

Mas acho que a Netflix, que sempre costuma pensar anos à frente dos seus concorrentes, precisa novamente investir menos em quantidade e mais em qualidade.

Ter uma assinatura da Netflix, há alguns anos, era uma obrigação para quem gostava de se manter na crista da cultura pop, comentando sobre as séries mais populares da época.

Hoje em dia, a empresa parece ter perdido seu charme e parece uma padaria que fez séries e filmes descartáveis e esquecíveis em poucas horas. O algoritmo pode entender o que queremos jantar por algum tempo, mas todo cardápio fixo enjoa depois de um período.

Enquanto isso, o Apple TV+ vai devagarzinho ganhando prêmios e status sem alarde, a HBO Max mantém uma qualidade semelhante à marca que herdou e a Disney constrói uma sinergia poderosa de transmídia.

Hoje, eu viveria tranquilamente sem Netflix.

E você?

 

Fonte: Desafiador do Desconhecido

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