Brasil foi descoberto no RN e não na BA, diz estudo

Foto: João Paulo Pereira de Araújo

No coração do Rio Grande do Norte, o pico do Cabugi se destaca não apenas por ser o único vulcão extinto no Brasil que conserva sua forma original.

Também é protagonista de uma intrigante revisão histórica. Contrariando a crença de séculos que aponta o Monte Pascoal, na Bahia, como o primeiro ponto avistado pelos portugueses em 1500, uma nova teoria sugere que foi, na verdade, o Cabugi que recebeu os primeiros olhares europeus ao Brasil.

Uma Hipótese Revolucionária

Em 2012, o pesquisador Lenine Barros Pinto, da Universidade Federal de Rio Grande do Norte, lançou um debate histórico com a publicação de seu livro “Reinvenção do Descobrimento”. Nele, Pinto propõe que o pico do Cabugi é o verdadeiro Monte Pascoal.

E diz ainda que o município de Touros, vizinho ao vulcão, deveria ser reconhecido como o que hoje chamamos de Porto Seguro. Esta hipótese desafia a narrativa tradicional que situa o desembarque de Pedro Álvares Cabral e sua frota na costa baiana.

Refinando a Teoria

Manuel Oliveira Cavalcanti, engenheiro civil e investigador, tomou como base o trabalho inicial de Barros Pinto e, após extensiva pesquisa, inclusive em território português, reforçou essa teoria em seu livro “1500: de Portugal ao saliente Potiguar”.

Durante dois anos, Cavalcanti analisou documentos históricos, correntes marítimas e aéreas. Ele concluiu que há evidências robustas que apoiam a ideia de que o verdadeiro ponto de descoberta do Brasil poderia estar ao norte do que historicamente é aceito.

Uma Expedição Confirmatória

Curiosamente, no ano 2000, uma expedição especial, que replicou as condições de navegação da época de Cabral, foi organizada para comemorar os 500 anos do descobrimento.

Os resultados desta viagem foram reveladores: usando a tecnologia e conhecimentos de navegação disponíveis no ano 1500, os navegantes teriam chegado não na Bahia, mas sim perto de Touros no Rio Grande do Norte na data histórica de 22 de abril, sugerindo que as correntes marítimas e ventos da época poderiam de fato ter levado a frota portuguesa inicialmente para essa região.

Implicações Culturais e Turísticas

A aceitação dessa nova teoria poderia significar uma revisão significativa na historiografia brasileira. Além disso, possibilitar realocar o local de “nascimento” do Brasil para outro estado do Nordeste, no Rio Grande do Norte. O pico do Cabugi e a região de Touros poderiam ver um aumento no interesse turístico. Desse modo, promovendo uma maior valorização cultural e econômica da área.

Considerações Finais

Enquanto isso, a comunidade histórica continua debatendo e testando a veracidade destas novas evidências. Ao mesmo tempo, o pico do Cabugi já começou a atrair mais atenção e visitantes curiosos. Se essa teoria vier a ser aceita, poderá não apenas redirecionar as rotas turísticas.

Mas também reescrever um capítulo fundamental da história do Brasil. Seja como for, o debate já está servindo para reacender o interesse pelo assunto. Afinal de contas, esse estudo é rico e mostra e complexa história da chegada dos europeus às terras brasileiras.

PORTAL NE9

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