DIAS DE TERROR (CARLOS ALBERTO DE SOUZA)

Imagem: Reprodução dO Antagonista

Os acontecimentos registrados na segurança pública do Rio Grande do Norte a partir da terça-feira 14 e se prolongaram por dez dias, cujas ações colocaram “de joelhos” o aparato policial e a população, pela sua intensidade e duração não encontram paralelo em momento algum da sua história e, quiçá, da história de qualquer outro estado brasileiro, mesmo daqueles em que se imaginava se concentrar o quartel-general das principais facções criminosas instaladas em nosso país.

Os prejuízos são gigantescos: comércio, escolas, universidades e unidades de saúde fechados, hotelaria com baixa lotação em face do cancelamento de hospedagens e a população em pânico, o que nos remete aos tempos tempestuosos de pandemia da Covid-19 da qual mal acabamos de sair, que deixaram marcas profundas na nossa economia.

As ações dos criminosos não se dobraram nem mesmo ao forte aparato policial que foi montado, com reforço das forças policiais federais e de estados vizinhos, sem que isso tivesse estancado os atos praticados pelo crime organizado nos primeiros dias da intervenção.

As atrocidades perpetradas pelos bandidos, que já haviam acontecido em outros momentos, mostram a dimensão da gravidade a que chegou a situação por falta de enfrentamento do governo estadual, que resiste com teimosia a dura realidade do avanço da criminalidade em nosso estado, limitando-se a adotar medidas paliativas, como a forte ostensividade das forças policiais nas principais vias da capital mais para mostrar à população que algo estava sendo feito para conter o avanço da violência.

No entanto, o problema é muito mais profundo. Medidas como aumentar o aparato policial, como vem sendo feito com a incorporação de novos policiais à tropa, pouco adiantam se a eles não são oferecidas as condições mínimas de trabalho, como salários mais dignos, armamentos modernos, investimentos em tecnologia e inteligência, aspectos esses em que o crime organizado está há muito tempo na frente.

O avanço do crime no Rio Grande do Norte é flagrante. Até recentemente, as ações dos bandidos se limitavam a incêndios de ônibus do transporte público; hoje, mais ousadas, essas ações já atingem prédios públicos, veículos de empresas e de particulares, comércios, interdição de vias públicas e até a explosão de uma bomba em uma das vias de maior movimentação da capital, sem que se note qualquer planejamento do poder público estadual para conter esse avanço.

A cessação das ações dos marginais nesse momento apenas representa uma trégua na escalada do crime em nosso estado. Os criminosos já mandaram aviso no sentido de que se não forem atendidas suas reivindicações de melhores condições nos presídios, onde estão presos os chefes dessas facções e de onde partem as ordens de ataque, novos ataques ocorrerão.

Cessados os lamentáveis acontecimentos, que marcarão para sempre a história da segurança pública do RN, certamente o problema voltará a ser negligenciado pelas autoridades responsáveis – as tropas federais retornarão aos seus quartéis, a segurança será relaxada – e tudo voltará a ser como antes, como se nada tivesse ocorrido, em mais um capítulo desse ciclo interminável de violência que aflige a população potiguar.

Carlos Alberto de Sousa – Aposentado

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