Família Wanderley (II) – Chegada dos holandeses em Recife; o começo?

Vejamos o que escreveu o Mestre sobre a chegada dos holandeses à capital pernambucana no “Prefácio de Luís da Câmara Cascudo para o livro de Walter Wanderley”

Pesquisador: José Vanilson Julião

Luiz da Câmra Cascudo em 1964

O coronel do regimento de burgueses, Gaspar van Nieuhof van der Ley, ex-capitão de cavalaria, talvez parente de Johan Nieuhof, seu contemporâneo, autor da Memorável Viagem, de variada notícia para o Brasil-Holandês, deve ser o avô ou bisavô da pernambucana dona Josefa Lins de Mendonça, casada com o possível português João de Sousa Pimentel, plantadora da semente no Arraial Nossa Senhora dos Prazeres do Assu, fundado pelo capitão-mor Bernardo Vieira de Melo, para nós, de saudosa memória.

Pelo ramo eminentíssimo dos Lins, vieram os Wanderley, brotando nos filhos, Gonçalo Lins Wanderley, que deve ser o segundo gênito, e João Pio Lins Pimentel, o primogênito que, ao fazer-se maçom na SIGILO NATALENSE em 1838, é maior de 40 anos, casado e proprietário, residente no Assu.

Em pouco mais de um século o Wanderley estende a ramaria prolífera cobrindo o mural provinciano com as graças do engenho, irresistível na conquista social.

É uma presença inevitável em todas as atividades normais. Fazendeiros, deputados provinciais, estaduais, gerais, cinco vezes presidindo a província.

Fundam jornais, mantêm tipografias, advogam; são jornalistas natos, prosadores, tribunos ao nascer.

Oferecem o primeiro médico, o primeiro romancista, o maior poeta, poetisas excelsas. São debatedores, arrebatados, brilhantes, com a impecável tradição da cortesia, da palavra airosa, do gesto oportuno e lindo.

Atestam, através do tempo, a maior e mais notável contribuição intelectual de que uma família possa orgulhar-se.

Noventa e nove por cento dos Wanderley escrevem versos, discursam e fazem jornal, inesgotáveis de inspiração, inalcançáveis pelos diabos azuis do desânimo, ignorando o que Stevenson denominava a dignidade da inércia.

O moto da família holandesa dos Wanderley anunciava, há mais de quatrocentos anos, essa divina continuidade funcional: “SEY TALTYDT VAN EENDERLEY SIN”. Seja sempre um Wanderley, haja, exista, viva sempre, um Wanderley.

E eles têm cumprido a profecia heráldica que orna, qual uma flâmula, o brasão fidalgo.

 

Nota da Redação: o site da “National Library of Austrália” confirma o prefácio do escritor potiguar Luís da Câmara Cascudo para o livro do jornalista macauense Walter Wanderley: “Família Wanderley: história e genealogia.” (Editora Pongetti, Rio de Janeiro/1966)

Apesar de não ser inédito na rede o blog transcreve pela importância do autor e do assunto.

E para corroborar, enfatizar e confirmar a maioria dos pontos lançados nas duas postagens anteriores.

Até porque muita gente nunca leu a versão descritiva do famoso e conceituado intelectual sobre a saga do clã nordestino com ramificações em várias unidades da federação.

A introdução ao excelente trabalho do autor (detalhe: um Wanderley), um calhamaço de 494 páginas, também se justifica ainda mais pela graça literária do texto, um exato resumo da história dos Wanderley.

O responsável teve a audácia de fazer umas pequenas alterações nas separações nos parágrafos do grande literato. Apenas isso!

Pardón, excelência…

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