Mais um Dia de Natal (Minervino Wanderley)

Estamos às vésperas do Dia de Natal 2022. A vontade que tenho agora é de soltar a voz e cantar que nem Ataulfo Alves: “Eu daria tudo que tivesse, pra voltar aos tempos de criança…” Acho que algumas gerações sentem o mesmo. E temos razão para isso. O Natal, quando éramos crianças, era envolto em fantasias. Aquelas árvores, imitando pinheiros e com flocos de algodão parecendo neve, eram verdadeiras viagens com destino a um mundo encantado. Pouco importava que estivéssemos sob uma grande seca, os sonhos e a imaginação eram muito maiores.

Em todas as casas e nas vitrines das lojas que ficavam abertas noite adentro tinham lindos presépios, com o Menino Jesus numa manjedoura, cercado por Maria, José, os três Reis Magos e uns animais extremamente simpáticos. Até nas ruas existiam presépios. Como era bom passear na Cidade Alta e ver a movimentação incomum.

Mas eu queria voltar a ser uma criança daquela época, nunca como as de hoje, que não sonham acordados e não se deixam levar aonde o pensamento carregar. Esses pirralhos de agora sabem de muita coisa para pouca idade. Muito sem graça essa infância. Os presentes são completamente diferentes.

Enquanto eu pedia um revólver para dizimar aqueles índios Apaches cruéis que, com certeiras flechadas tiravam as vidas de inocentes em pleno Oeste americano, um menino de hoje pede um celular cheio de onda. Só querem saber de Whatsapp, Facebook, Instagram e outros babados.

Agarrados aos smartphones, não se preocupam com os índios e nem imaginam quem foi John Wayne. Pode isso?John Wayne era dos bons. Não errava um tiro e sabia se desviar das flechas. Na minha fértil imaginação, uma vez defendemos um forte, só eu e ele, contra mais de 200 índios. Só não sei até hoje onde a gente arranjou tanta bala.

E Papai Noel? Na verdade, creio que ele anda meio desacreditado. Apesar de a maioria já não acreditar em Noel, a figura do “bom velhinho” foi uma grande sacada dos marqueteiros de outrora e perdura até hoje. Tudo que tem Natal, tem um simpático Papai Noel. Mas quando dezembro chega, as crianças já não fazem cartas para o Polo Norte pedindo seus presentes. Mandam mensagens de texto aos pais e lá mandam até imagens do que querem ganhar. Papai Noel fica só para brincadeiras.

Não poderia ser diferente. Explicar a uma criança que natal é nascimento, fica cada vez mais complicado e os pais não têm paciência para isso. Ensinar que 25 de dezembro é o aniversário de Jesus Cristo é quase impossível.

Infelizmente, as festas de Natal de hoje estão bem diferentes daquelas da minha infância. Os adultos, sejam cristãos ou agregados, se animam para sair de casa e fazer compras. Ora, é Natal. O importante é ter presentes, comedoria e bebidas para a ceia e, é claro, uma roupa nova para estrear na festa, pensam eles.

Os preparativos são mais ou menos assim:

As mães, normalmente encarregadas das iguarias, se desdobram para conseguir encomendar um peru assado, sobremesas, etc. Os estabelecimentos especializados já não aceitam pedidos até com quinze dias de antecedência. Tem que ter prestígio para ser atendida.

Já os marmanjos vão escolher o que irão oferecer aos convidados. Vinho, uísque ou cerveja? Na dúvida, preferem comprar os três, com medo de que alguém saia falando mal da tão planejada festa.

Bem, parece que está tudo em ordem. Presentes, comida, bebida e roupa nova, tudo comprado. Não falta nada e será uma festa que vai bombar nas redes sociais, pensa o anfitrião.

Por outro lado, é também que nessa época do ano que acontecem as confraternizações. São bacanas. É gostoso ver famílias unidas celebrando a data.  Como faz bem que amigos de verdade até façam viagens para rever a turma. Esses abraços e palavras trocadas são legítimas e aquecem os corações e a alma. Gosto muito disso.

Óbvio que existem as “confraternizações protocolares”. Mas deixo que os comentários sejam de quem participa desses eventos. Para mim, tem que ter amor, carinho e afeto. Ponto final.

Epa! Não falta nada? E o aniversariante? Ele é o motivo dessa época do ano, meu povo! O Natal é o nascimento de Jesus Cristo. Comprem presentes, bebam, encham a pança de comida, mas tirem um pouco de tempo para pensar no que Ele fez por cada um de nós.

Nesse momento, comam o pão que Ele lhes oferece e bebam o vinho na taça que Ele lhes entrega.

Pensem Nele e imaginem como é triste passar o dia do seu aniversário sem parabéns, sem um presentinho, sem nada, sequer a lembrança. Mas Jesus já sabe que o tal do bicho homem é ingrato, insensível, egoísta e arrogante.

Lá do alto, pensando onde errou, Jesus deve olhar o fuzuê que os homens prepararam, e, simplesmente, como é do Seu feitio, perdoa tal comportamento. Afinal, somos meros seres humanos.

Passa muito longe de mim a ideia de julgar alguém pelos excessos natalinos. Quando passei a ser adulto eu fui assim também. No Dia de Natal chamava a turma lá pra casa e tomávamos uísque ouvindo um bom rock. Deixei que o espírito natalino saísse de mim. Que tolice, a minha.

O Natal de Jesus, os presépios, as árvores de natal, a neve, tudo tinha ficado na hoje saudosa infância. Mas mudei. Sinto-me melhor do jeito que sou hoje. Acho até que Ele perdoou meus inúmeros desatinos.

Um Feliz Natal com família e amigos!

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