NOTA DA ACIRN: FAIXAS COMPARTILHADAS ÔNIBUS E BICICLETA

FOTO: JORGE MORAES

Ciclistas colocam seus corpos em risco todos os dias nas vias da cidade. Diferente dos motoristas, que estão protegidos em seus veículos, ciclistas não carregam toneladas de aço em volta de seu corpo como uma capa de proteção.

Assim como os pedestres, ciclistas também possuem prioridade de circulação nas vias de acordo com a Lei da Mobilidade de 2012, mas isso não é de conhecimento geral.

Quando exigimos a redução da velocidade máxima nas vias da cidade, recebemos até ameaças.

O Brasil está muito atrasado na questão da segurança viária, junto com muitos outros países do terceiro mundo.

Infelizmente a pobreza é de espírito. A sociedade não cansa de ser enganada pela indústria automobilística, que nos usa o tempo todo como consumidores sem olhar crítico. Muitas vezes oferece excesso de potência motorizada para que possamos usufruir das vias da cidade sem que isso seja possível, pois temos que respeitar regras de circulação e principalmente as pessoas que circulam pelas vias sem proteção.

Cada vez que insistimos em resolver um problema individual sem olhar para a coletividade causamos estragos à sociedade, e o uso do carro é um belo exemplo disso. Ninguém quer causar trânsito (retenção de veículos) ou atropelar pedestre ou ciclista quando sai de casa, mas é o que ocorre devido ao desenho de nossas cidades. As cidades favorecem o uso do automóvel como arma. Mas o usuário que não tem visão crítica da realidade acha que não acontece com ele. Passa a viver em um mundo paralelo quando entra no seu automóvel.

É inaceitável que toda a sociedade pague os custos da estrutura urbana para que alguns possam se deslocar com segurança em seus automóveis enquanto aqueles que por livre escolha ou por necessidade se deslocam de bicicleta estão em risco de perder a vida nas ruas da cidade devido à imprudência de motoristas apressados e mal educados.

Portanto necessitamos com urgência da fiscalização efetiva nas faixas compartilhadas de ônibus e bicicleta, para que tal infraestrutura mantenha seu objetivo que é a prioridade para os modos de deslocamento coletivo e ativo, contribuindo para uma melhora no transporte de passageiros e mais segurança para quem se desloca de bicicleta.

Nossas sugestões são:
1. Fiscalização de forma mais incisiva, indicando aos motoristas e motociclistas que circulam pela faixa compartilhada que saiam deste espaço e utilizem as demais faixas disponíveis na via. Precisamos desse olhar específico para quem usa bicicleta pois não temos proteção alguma em nosso veículo de locomoção;
2. Fiscalização eletrônica, tanto de velocidade quanto de uso indevido da faixa compartilhada. Lembramos que o controle de velocidade é o item mais importante quando falamos em segurança viária, pois a alta velocidade é a primeira na lista de causas de mortes no trânsito;
3. Executar uma experiencia com aplicação de tachões na linha de divisora de fluxo da faixa compartilhada, de tal forma que fique liberado apenas os trechos para conversões à direita;
4. Campanhas educativas regulares, como uso do bus door, rádio e televisão, redes sociais, além de campanhas nas ruas com equipes multidisciplinares envolvendo em conjunto as diversas entidades responsáveis pela segurança viária na cidade;
5. Ações de fiscalização periódicas com uso de viaturas do tipo motos e bicicletas circulando nas faixas compartilhadas de maneira que a sociedade tenha a percepção que está sendo tomado o devido cuidado com a segurança dos usuários;
6. Cursos de capacitação em Segurança Viária e Objetivos do Desenvolvimento Sustentável para agentes de trânsito e policiais responsáveis pela fiscalização de trânsito;
7. Com relação aos motociclistas, temos a percepção de que são eles que mais utilizam a faixa compartilhada de maneira indevida, sugerimos uma ação efetiva com a presença conjunta da STTU, CPRE e ACIRN, através de blitz periódicas em pontos estratégicos para que todos os motociclistas na via sejam orientados quanto ao uso das faixas compartilhadas e sobre acidentes envolvendo motos.

Esperamos que nossas conquistas possam ser cuidadas com o devido respeito à vida das pessoas que utilizam o modo de transporte mais eficiente para as cidades: a bicicleta.

ACIRN – Associação dos Ciclistas do Rio Grande do Norte

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