O dia em que Jorge Amado inspirou o Paralamas a compor um clássico da música brasileira

Você sabia que um dos maiores sucessos do Paralamas do Sucesso e clássico da música brasileira, Lanterna dos Afogados, tem a letra inspirada em um livro do escritor baiano Jorge Amado?

Pois é, essa canção que fala sobre solidão, esperança e amor tem uma origem literária muito interessante que envolve dois figuras nordestinas de grande importância para a cultura latino americana.

Jubiabá: o livro que deu origem ao nome do bar

O livro em questão é Jubiabá, lançado em 1935. Esse livro basicamente retrata o dia a dia de pessoas humildes em Salvador, e isso a partir do ponto de vista do Antônio Balduíno, o menino que fugiu de casa, morou na rua, virou lutador de boxe e passou a frequentar um bar chamado Lanterna dos Afogados. O bar que ficava no porto do cais de Salvador “há um cais de porto”, pontua a letra da música.

Nesse livro, Jorge Amado descreve o bar como um ponto de encontro onde se reuniam estivadores, prostitutas, jogadores de capoeira e pessoas do povo e marinheiros vindos de diversas partes do mundo que ali bebiam, comiam, conversavam, brigavam, cantavam e confraternizavam. O Lanterna dos Afogados era, nessa perspectiva, um local cheio de vida e encruzilhada por onde circulavam tipos representativos da mais autêntica cultura popular baiana e angustiados da sociedade.

Jubiabá foi lançado em 1935 e também já foi tema de outra música do cancioneiro baiano.

Lanterna dos Afogados: a música que nasceu de uma inspiração

Foi daí que o paraibano Herbert Vianna tirou a inspiração para compor a letra da música Lanterna dos Afogados. Ele leu o livro de Jorge Amado e se encantou com o nome do bar. Mas ele não se limitou a isso. Ele também criou uma história própria para a canção, que é narrada do ponto de vista de alguém que está no bar e oferece um ombro amigo para quem precisa. “Eu tô na lanterna dos afogados / Esperando você voltar / Vê se não vai demorar”, diz o refrão.

Herbert Vianna já declarou em entrevista que a música é uma constatação da solidão e do silêncio escuro no entorno da pessoa solitária. Ele também contou como foi o processo criativo da música numa entrevista para a revista Vinho Magazine: “Certa vez saí com minha namorada pra jantar. Sentei na moto, ela começou a conversar, mas eu pedi que não falasse mais nada porque tava com a melodia e a letra na cabeça. Quando chegamos ao restaurante em Ipanema o garçom veio saber o nosso pedido: “papel e caneta rápido” foi o que eu pedi. Naqueles 10 minutos de moto da minha casa até o restaurante a melodia foi toda feita”.

Jorge Amado é um dos maiores escritores da história do Brasil e suas obras são lidas em todo o mundo.

“Lanterna dos Afogados”: um sucesso que atravessa gerações

Lanterna dos Afogados foi lançada em 1989 no álbum Big Bang dos Paralamas do Sucesso. A música logo se tornou um hit nas rádios e nas pistas de dança. Ela também recebeu diversas versões e interpretações de outros artistas, como Gal Costa, Pitty, Zeca Baleiro, entre outros.

A música continua sendo uma das mais tocadas e admiradas do Paralamas do Sucesso e da música brasileira em geral. Ela é uma prova da genialidade de Herbert Vianna como compositor e da influência de Jorge Amado como escritor. Lanterna dos Afogados é uma homenagem à cultura popular baiana e à capacidade humana de resistir às adversidades com amor e esperança.

Paralamas está em atividade até hoje e lançou Lanterna dos Afogados no disco Big Bang, de 1989.

Jubiabá, a música

Contudo, essa não é a única homenagem musical que a obra de Jorge Amado recebeu. Jubiabá também é o tema e nome de uma música que o próprio Paralamas viriam a gravar para eternizar melodicamente a história de Antônio Balduíno. A música é do baiano Gerônimo, uma versão de ‘Gimme the Ting’, de Lord Kitchener (que assinava as músicas como Aldwyn Roberts).

Da Ag. NE9

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