Parabéns, Mané Garrincha! Você é “O Anjo de Pernas Tortas”; vídeo

Manoel Francisco dos Santos, o Mané Garrincha ou simplesmente Garrincha (Magé, 28 de outubro de 1933 — Rio de Janeiro, 20 de janeiro de 1983) foi um futebolista brasileiro que se notabilizou por seus dribles desconcertantes, sendo considerado por muitos o mais célebre ponta-direita e o melhor driblador da história do futebol. Mundialmente reconhecido como uma figura lendária no esporte, ele é extremamente popular entre os amantes do futebol no Brasil, onde os fãs mais antigos o consideram melhor até do que Pelé.

No auge de sua carreira, passou a assinar Manoel dos Santos, em homenagem a um tio homônimo, que muito o ajudou. Garrincha também é amplamente considerado como o maior driblador da história do futebol.

Apesar de ter sido acometido por vários defeitos congênitos (ele tinha Estrabismo, um desequilíbrio da pelve, seis centímetros de diferença de comprimento entre as pernas; o joelho direito tinha valgismo e o esquerdo varismo), Garrincha, “O Anjo de Pernas Tortas”, foi um dos principais jogadores das conquistas da Copa do Mundo de 1958 e, principalmente, da Copa do Mundo de 1962 quando, após a contusão de Pelé, se tornou o principal jogador do time brasileiro. Dos 14 gols do Brasil na competição, seis (42%) passaram por seus pés (marcou quatro e deu duas assistências para gols). Neste torneio, ele se tornou o primeiro jogador a ganhar a Bola de Ouro (Melhor Jogador do torneio), a Chuteira de Ouro (Artilheiro da competição) e o troféu da Copa do Mundo numa mesma edição. Por conta disso, a Copa de 1962 é conhecida no Brasil como “A Copa do Garrincha”.

Incluído na Seleção de Futebol do Século XX por 250 dos escritores e jornalistas de futebol mais respeitados do mundo, ele foi selecionado, em 1994 para a Seleção de Todos os Tempos da Copa do Mundo FIFA e ficou em sétimo lugar numa votação entre especialistas da FIFA sobre o melhor jogador do Século XX.

Morreu em 1983, aos 49 anos, driblado pelo álcool.

Infância: o apelido “Garrincha”
De origem humilde, com quinze irmãos na família, Manoel dos Santos era natural de Pau Grande, um distrito de Magé, no estado do Rio de Janeiro. Sua irmã o teria apelidado de Garrincha, fazendo uma associação com o pássaro de mesmo nome, muito comum na região.

As pernas tortas
Uma das características marcantes que envolvem a figura de Garrincha relaciona-se a uma distrofia física: as pernas tortas. Sua perna direita, seis centímetros mais curta que a esquerda, era flexionada para o lado esquerdo, e a perna esquerda apresentava o mesmo desenho. Ambas as pernas eram, pois, tortas para o seu lado esquerdo. Garrincha era destro. Afirma Ruy Castro em seu livro que já teria nascido assim, mas há vários depoimentos no sentido que tal característica tenha sido sequela de uma poliomielite.

Ilustração

Vida pessoal

Garrincha (1960)
O sucesso de Garrincha no campo de futebol contrastava fortemente com sua vida pessoal. Ele era um beberrão inveterado. Foi casado duas vezes. Primeiro com Nair Marques, namorada de adolescência, com quem teve nove filhas. Suas filhas Tereza e Nadir já estão falecidas. Desquitou-se de Nair em 1963, e nesse mesmo ano assumiu publicamente seu namoro com Elza Soares, com quem estava se relacionando desde 1962, enquanto era casado, decidindo deixar a esposa para ficar com a cantora. Eles foram morar juntos em 1966, mesmo ano em que se casaram oficialmente. O matrimônio durou 16 anos, até 1982, terminando a união devido aos ciúmes, traições, agressões e humilhações, por causa do alcoolismo que Garrincha sofria. Os dois tiveram um único filho, Manoel Francisco dos Santos Júnior, apelidado de Garrinchinha (9 de julho de 1976 — 11 de janeiro de 1986), morto aos 9 anos de idade num acidente automobilístico, que o futebolista não chegou a presenciar, pois já era falecido. Neném, o filho dele com sua ex-namorada Iraci, com quem teve um breve relacionamento enquanto ainda estava casado, antes de conhecer Elza, também morreu num acidente de carro em Portugal, em 20 de janeiro de 1992, aos 28 anos. Garrincha também é pai de um filho sueco: Ulf Lindberg, fruto de um caso extraconjugal que manteve por alguns meses com uma jovem sueca da cidade de Umeå, durante uma excursão do Botafogo à Europa em 1959. Ao todo, ele teve pelo menos 14 filhos.

Carreira futebolística
Nos clubes, jogou 614 vezes, marcando 245 gols pelo Botafogo e sua carreira profissional se prolongou de 1953 a 1972.[carece de fontes]

Início
Com quatorze anos de idade, começou a jogar amadoramente dividindo o expediente na América Fabril, fábrica têxtil, com as partidas no campo do Esporte Clube Pau Grande. Mas não teve chance de jogar logo porque, além da sua pouca idade, o técnico Carlos Pinto temia expor o garoto aos fortes zagueiros dos times adversários. Cansado de não ter uma chance de jogar, Mané registrou-se no time Serrano Football Club, da cidade vizinha de Petrópolis e jogou durante quase um ano. Foi no Serrano, que o técnico Carlos Pinto decidiu dar uma chance ao Mané na ponta direita.[18]

Suas atuações despertaram a atenção de Arati: um ex-jogador do Botafogo. Não se sabe com certeza quem o levou a fazer um teste no Botafogo, mas nos minutos iniciais do primeiro treino, ele teria dado vários dribles em Nílton Santos, o qual já era um renomado jogador. Nílton teria demandado a contratação do ponta no intervalo deste primeiro treino. Assim em 1953 foi adquirido pelo Botafogo por dois mil cruzeiros. Antes, havia sido rejeitado por Vasco e São Cristóvão.[20]

Botafogo

Garrincha pelo Botafogo em vitória de 2-0 sobre o Barcelona em 1964 pela Copa Iberoamericana, torneio amistoso realizado em Buenos Aires.
Por praticamente toda a sua carreira (95% das partidas), Garrincha defendeu o Botafogo (no período de 1953-1965), além da Seleção Brasileira (de 1955-1966). Estreou no clube carioca em 19 de julho de 1953, enfrentando o Bonsucesso, pela segunda rodada do Campeonato Carioca. O Botafogo venceu por 6 a 3, com três gols de Garrincha, um deles de pênalti.

Ele ajudou o Botafogo a vencer o Campeonato Carioca em 1957, marcando 20 gols em 26 jogos, terminando em segundo lugar nas paradas da liga, e isso convenceu o técnico da Seleção a selecioná-lo para a equipe da Copa do Mundo de 1958.

“A transformação de Garrincha em mito foi demorada. Nos seus primeiros anos de Botafogo foi criticado por driblar demais. Mas o clássico contra o Fluminense na final de 1957, foi decisivo para sua transformação em ídolo nacional e um dos nomes que não poderiam estar de fora na Copa do Mundo da Suécia.”
Felipe Fernandes Ribeiro Mostaro.

Garrincha jogou no Botafogo por 12 anos, a maior parte de sua carreira profissional. Ele venceu o Campeonato Carioca três vezes, marcou 232 gols em 581 partidas e se tornou um símbolo da história do clube. Com ele, o Botafogo disputou 150 jogos contra os times do eixo RJ X SP, tendo supremacia sobre 5 deles (São Paulo, Palmeiras, Corinthians, Flamengo, Fluminense) e desvantagem apenas contra Santos e Vasco da Gama.

Seleção Brasileira
Garrincha jogou 50 partidas oficiais pelo Brasil entre 1955 e 1966, marcando 12 gols, e foi titular da seleção nas Copas do Mundo de 1958, 1962 e 1966. Ele jogou, ainda, duas partidas na Copa América de 1957 e quatro na edição de 1959, onde o Brasil terminou em segundo em ambas as edições. Sua primeira aparição com a camisa da Seleção foi contra o Chile, no Rio de Janeiro em 1955.

Com ele em campo, o Brasil perdeu apenas uma partida – contra a Hungria na Copa de 66. Esta foi a última vez que Garrincha vestiu a camisa da Seleção em um jogo válido por uma competição oficial. Pelé não jogou contra a Hungria e, portanto, o Brasil nunca perdeu quando Garrincha e Pelé jogaram juntos.

Jogou sessenta partidas pelo Brasil entre 1955 e 1966. Em todos os seus jogos, participou de apenas uma derrota (de 3 a 1 para a Hungria na Copa de 1966). Com Garrincha e Pelé jogando juntos, o Brasil nunca perdeu.

Mesmo na Seleção Brasileira, Garrincha nunca abandonou sua forma irreverente de jogar. Voltava a driblar o jogador oponente, no mesmo lance, ainda que desnecessariamente, só pela brincadeira em si.

Sobre a Copa de 1954, alguns acreditam que Garrincha não foi convocado por ser considerado muito individualista, já que juntamente a comissão técnica da Seleção estava adotando um novo estilo de jogo europeu centrado no trabalho em equipe (o Maracanazo ainda atormentava os dirigentes brasileiros, que acreditavam na necessidade de abordar o futebol de uma maneira mais rigorosa e científica). Além disso, o Brasil tinha outros jogadores talentosos em sua posição, principalmente Julinho Botelho.

Garrincha jogou alguns jogos no Campeonato Sul-Americano de 1957, mas foi reserva na Copa Roca do mesmo ano e na Copa Oswaldo Cruz de 1958, quando Joel era o preferido.

Copa do Mundo de 1958: Da reprovação no controverso teste psicológico ao cartão-de-vistas com os 3 minutos mais incríveis do futebol

Durante a fase de preparação anterior à Copa do Mundo de 1958 na Suécia, o professor João Carvalhaes, psicólogo da equipe, decidiu submeter os jogadores a testes de aptidão; o método adotado, desde que representassem a figura de um homem, e os desenhos mais detalhados revelariam as personalidades mais “sofisticadas”. Garrincha traçou uma figura humana desproporcionalmente grande, alegando que ele era o companheiro de clube Quarentinha,[ também se mostrou incapaz de distinguir uma linha horizontal da vertical. Assim, ele obteve uma pontuação menor do que o limiar mínimo estabelecido pela teoria (fez 38 pontos de 123) e o relatório preparado descreveu sua personalidade como infantil. Segundo o psicólogo, convocar Garrincha para a Copa seria um erro, já que ele não tinha condições de enfrentar jogos de muita pressão. O curioso é que Pelé também foi reprovado neste teste, e reza a lenda que Pelé chegou ao Doutor Carvalhaes e afirmou “você pode até estar certo, mas não entende nada de futebol”. Há relatos que dão conta também que antes dos testes serem realizados, Nilton Santos disse ao psicólogo: “Olha, doutor, vem aí um sujeito de pernas tortas que não vai saber fazer nada disso. Mas tenha paciência com ele, doutor, pois ele joga demais”.

Em 29 de maio, dez dias antes do início da Copa do Mundo, Garrincha marcou um de seus gols mais famosos, contra a Fiorentina na Itália. Ele driblou quatro defensores e o goleiro, antes de parar na linha de gol. Mesmo com o gol aberto, em vez de chutar a bola para o gol, ele ainda driblou o zagueiro Enzo Robotti antes de marcar o gol.

Apesar de seu desempenho impressionante, a comissão técnica da Seleção ficou chateada com o que consideraram uma jogada irresponsável e isso provavelmente levou Garrincha a não ser escolhido nas duas primeiras partidas do Brasil no torneio de 1958.

No entanto, precisando do resultado, ele foi escalado para a partida contra a URSS (a última da fase de grupos); essa partida marcou a estreia da dupla “Garrincha e Pelé”. Os soviéticos eram um dos favoritos para o torneio, e para o Brasil, seria o “jogo da vida”.

Para Garrincha, porém, seria apenas um jogo como outro qualquer. Só para se ter uma ideia, antes do jogo, Garrincha foi abordado por com uma pergunta que entrou para a história. Um jornalista, querendo tirar sarro de Mané, o questionou sobre o significado da sigla que ficava na camisa soviética, CCCP – no original: União das Repúblicas Socialistas Soviéticas. Sempre ágil, Garrincha disparou: “Cuidado Com o Criolo Pelé!”.

O técnico brasileiro, Vicente Feola, decidiu atacar diretamente do pontapé inicial. Garrincha recebeu a bola na ala direita, passou por três jogadores adversários e chutou na trave. Com o jogo ainda com menos de um minuto, ele criou uma chance para Pelé, que também chutou na trave. O Brasil, principalmente Garrincha, foi tão impressionante nos momentos de abertura que o início do jogo costuma ser chamado de “os três minutos mais incríveis do futebol de todos os tempos”. Garrincha dava, assim, seu cartão de visitas à Copa do Mundo. O Brasil venceu a partida por 2-0.

Após o jogo seguinte, vitória dos brasileiros nas quartas-de-final por 1-0 sobre o País de Gales, em 19 de junho de 1958, Mel Hopkins (o zagueiro que o encarou naquele jogo) descreveu Garrincha como “um fenômeno capaz de pura magia. Era difícil saber de que maneira ele estava indo por causa de suas pernas e porque estava tão confortável com o pé esquerdo quanto com o direito, para que ele pudesse entrar ou descer pela linha e tinha um chute feroz também”.

Na final contra a Suécia, o Brasil saiu atrás do marcador, mas empatou rapidamente depois que Garrincha superou seu marcador na ala direita e deu um cruzamento para Vavá marcar. Antes do final do primeiro tempo, Garrincha fez uma jogada semelhante, dando nova assistência para Vavá marcar 2–1 para o Brasil. O Brasil terminou de vencer a partida e seu primeiro troféu da Copa do Mundo, com Garrincha sendo um dos melhores jogadores do torneio; ele foi eleito para a Seleção do torneio.

Enquanto seus companheiros comemoravam a vitória na Copa do Mundo, ele ficou inicialmente confuso, tendo a impressão de que a competição era mais parecida com uma liga e que o Brasil jogaria com todas as outras equipes duas vezes. Tanto que deu uma entrevista dizendo: “Campeonatinho mixuruco, nem tem segundo turno!”

Período entre a Copa de 1959 e 1962
O período entre as duas Copas do Mundo viu Garrincha ganhar peso, muito por conta de seu vício de cachaça. No amistoso contra a Inglaterra, em 13 de maio de 1959, Vicente Feola, preferiu jogar com Julinho Botelho, que não tinha sido selecionado por cinco anos. No entanto, o comissário técnico decidiu chamá-lo para a Copa América, realizada naquele ano, um evento no qual Garrincha entrou em campo quatro vezes sem marcar nenhum gol.

Em 1961, ele jogou e venceu o troféu O’Higgins e a Copa Oswaldo Cruz com o Brasil.

Copa do Mundo de 1962: “A Copa do Garrincha”

“Em 1962, com a contusão de Pelé, descobriu-se um outro Garrincha. De repente parou de brincar, virou sério, compenetrado de que a conquista da Copa dependia dele. Quase sozinho, ganhou a Copa. Fez o que nunca tinha feito. Gols de cabeça, pé esquerdo, folha-seca. E driblou como um endiabrado, endoidando os adversários”.
Sandro Moreyra, jornalista.
Garrincha foi o jogador mais destacado da Copa do Mundo da FIFA de 1962 . Quando Pelé se machucou após o segundo jogo e ficou de fora pelo resto do torneio, Garrincha desempenhou um papel de liderança no triunfo do Brasil, destacando-se principalmente contra a Inglaterra e o Chile, marcando 4 gols nesses dois jogos.

Depois de uma vitória e um empate, o Brasil enfrentou a Espanha, sem Pelé. Os sul-americanos estavam perdendo 0-1 no segundo tempo. Amarildo, substituto de Pelé pelo restante do torneio, marcou o empate. Cinco minutos antes do final, Garrincha pegou a bola no flanco direito, driblou um zagueiro e parou. Nisso, mais um zagueiro chegou para marcá-lo. Ele, então, passou pelo dois zagueiros, e mandou um cruzamento para Amarildo, que marcou o gol da vitória brasileira.

Nas quartas de final contra a Inglaterra, uma história curiosa. Antes do jogo, o Nilton Santos disse para o Garrincha: “Mané, tem um tal de Fowler no time deles que anda dizendo que você não joga nada e não consegue dribá-lo”. O Garrincha perguntou: “Mas quem é esse Fowler?”. O Nilton respondeu: “Não sei qual deles é esse cara, acho que você vai ter que driblar alguns deles pra mostrar que você é bom”. Na primeira bola que recebeu, o Garrincha driblou todo mundo que viu pela frente, pelo menos uns 6 jogadores. Logo depois, Garrincha abriu o placar com um cabeceamento após um escanteio. A Inglaterra empatou antes do intervalo. No segundo tempo, Vavá marcou o segundo gol do Brasil com um rebote de Garrincha; minutos depois, Garrincha roubou a bola do Didi, fez uma pausa, e, de fora da área, acertou um chute folha-seca no ângulo, marcando o terceiro e derradeiro gol brasileiro. O Brasil venceu por 3 a 1 e avançou para as semifinais. A imprensa britânica de futebol disse que “Garrincha era Stanley Matthews, Tom Finney e um encantador de serpentes, todos juntos”.

Durante este jogo, um cachorro entrou em campo, paralisando a partida. O cachorro driblava a todos que tentavam pegá-lo, até que o atacante inglês Jimmy Greaves conseguiu segurá-lo. Greaves afirmou que Garrincha achou o incidente tão divertido que levou o cachorro para casa como animal de estimação.[32] O livro de Ruy Castro expande isso, esclarecendo que o cachorro foi capturado por um oficial e sorteado para a equipe brasileira, um sorteio que Garrincha ganhou. O cão recebeu o nome de “Bi” (de “bicampeões” – “bicampeão”).

Sobre sua atuação neste jogo, Celso Unzelte, em sua obra “O Livro de Ouro do Futebol”, tece o seguinte comentário: “Contra Inglaterra mais uma vez Garrincha fez de tudo, deu seguidos dribles em seu marcador, Fowler, além de deixar tontos os ingleses Wilson e Bobby Moore. Marcou dois gols e cobrou a falta que permitiu a Vavá fazer o terceiro na vitória 3 a 1.”

Na semifinal, contra o Chile, Garrincha seria novamente decisivo, marcando dois dos 4 gols da vitória brasileira por 4 a 2. Seu primeiro gol foi um chutaço de fora da área com o pé esquerdo; o segundo, de cabeça. Uma manchete subsequente no jornal chileno El Mercurio dizia: “De que planeta veio Garrincha?” Garrincha foi expulso nessa partida após 83 minutos por retaliar após ser continuamente derrubado. No entanto, ele não foi suspenso para a partida seguinte.

O Brasil enfrentou a Tchecoslováquia na final. Garrincha jogou, mesmo com uma febre de 38 graus, o que não impediu o Brasil de vencer por 3 a 1 e ele de ser eleito jogador do torneio. Foi a segunda Copa do Mundo consecutiva conquistada por Garrincha e Brasil.

Copa do Mundo de 1966: A primeira e única derrota com a camisa da Seleção e a eliminação precoce
Predefinição:Cita2 Garrincha jogou a Copa do Mundo de 1966 já visivelmente fora de forma. Uma lesão no joelho, que o atormentaria pelo resto de sua carreira, já começava a atrapalhar os seus movimentos. Além disso, foram 3 jogos extremamente violentos. Os europeus usaram a tática de parar o jogo brasileiro, sempre que possível, na porrada.

Mesmo assim, Garrincha jogou a primeira partida do torneio, uma vitória por 2-0 contra a Bulgária, na qual ele marcou um dos gols, com um chute livre executado com a parte externa do pé. O segundo gol deste jogo foi marcado por Pelé, sendo a única vez em que Garrincha e Pelé marcaram gols no mesmo jogo.

No jogo seguinte, o Brasil perdeu por 3 a 1 para a Hungria no Goodison Park, na última partida internacional de Garrincha, que foi a única vez que Garrincha perdeu uma partida com a seleção brasileira; ele não jogou na última partida da primeira rodada contra Portugal. O Brasil foi eliminado no primeiro turno.

O declínio pós-Copa de 1966
O início do fim da carreira do Garrincha começa já em 1963. À época, a Juventus, a Inter de Milão e o Milan tentaram em conjunto adquirir o jogador – que, pelo acordo, deveria jogar uma temporada com cada clube – mas não conseguiu um acordo com o Botafogo [118]. O que caracterizou este ano, no entanto, foram os problemas contínuos no joelho, que levaram o médico da Seleção Lídio Toledo a enfatizar novamente a necessidade de uma intervenção e desaconselhar a participação na tradicional turnê de amistosos internacionais que Botafogo costumava organizar. Garrincha se recusou a se submeter a uma operação, apesar da osteoartrite causar inflamação da cartilagem e inchaço do joelho, exigindo um descanso de pelo menos um dia entre os jogos. O Botafogo, no entanto, ordenou que ele participasse dos amistosos, pois sem ele a taxa garantida de participação cairia de doze mil para oito mil dólares. O salário do jogador, o escandaloso relacionamento com Elza Soares e o abuso de álcool se juntaram ao relacionamento com o clube, enquanto a equipe terminou o campeonato na quarta posição, separada por quatro pontos do Flamengo.

Em 29 de setembro de 1964 finalmente ele se submete à cirurgia, passando o restante do ano fazendo fisioterapia.

Apesar de sua má condição física, precisando de dinheiro para sustentar seu alcoolismo e sua família, Garrincha decidiu continuar jogando.

Já em fim de carreira jogou alguns meses no Sport Club Corinthians Paulista (1966), no Clube de Regatas do Flamengo (1969), e no Olaria Atlético Clube, porém já estava longe de seu auge. Integrou o elenco do Vasco, em um amistoso contra a seleção da cidade de Cordeiro (RJ), marcando um gol nesta partida. Sua contratação não foi fechada pela equipe cruzmaltina devido a sua má condição física e foi devolvido ao Sport Club Corinthians Paulista após o supracitado amistoso.

Enquanto esteve no Corinthians, o Jornal da Tarde de 26 de outubro de 1966 assim escreveu sobre Garrincha: “Mané veio para ser a alegria do Corinthians, não foi. É um homem triste que só vê a bola em treino no Parque São Jorge”.

Participou de um amistoso jogando pela equipe Gaúcha do Novo Hamburgo contra o Internacional, partida foi realizada no Estádio Beira Rio. Ele vestiu a camisa 7 na noite de 2 de julho de 1969, o Internacional venceu o Novo Hamburgo por 3 X 1. Garrincha saiu de campo aos 15 minutos do segundo tempo, sendo muito aplaudido pelos torcedores gaúchos. Antes da partida, Garrincha fez um treino no Estádio Santa Rosa, quando conheceu um pouco do clube e o grupo de jogadores.[39] Ainda no Rio Grande do Sul, no dia 06 de Julho de 1969 foi ao sul do estado jogar outro amistoso agora pelo “team” do Foo Ball Club Rio-Grandense, o Guri Teimoso, da cidade de Rio Grande. A partida foi contra a equipe do Brasil de Pelotas e acabou num empate de 0X0. Garrincha jogou somente o primeiro tempo da partida. Garrincha também se exibiu em Natal, vestindo a “7” do Alecrim.

O último gol de Garrincha aconteceu no empate do Olaria Atlético Clube em 2 a 2 com o Comercial, dia 23 de março de 1972, no Estádio Palma Travassos em Ribeirão Preto. Foi, inclusive, o único gol de Mané pelo Olaria.

A carreira profissional de Garrincha como jogador de futebol durou até 1972, mas ele jogou partidas de exibição ocasionais até 1982.

Últimos anos de vida e Morte
“Havia jornalistas e, principalmente, intelectuais, que gostavam de dizer que Garrincha era burro. Ora, burro na universidade, todo mundo que não é intelectual, é. Por outro lado, todo intelectual que não é bom de bola, é burro no campo de futebol. O mundo de Garrincha era o campo. Se o mundo fosse um estádio de futebol, Garrincha seria seu rei. Era inteligente para o seu mundo. Ele e Pelé eram os melhores. O que muitas pessoas não entendem é que, aquilo que Garrincha fazia, era inteligente. O que ele fazia fora do campo é que não era inteligente. Ele praticava, fora do campo, a burrice a que essa gente que tomou conta do poder no Brasil desde o século XVI nos condenou. Se somos tão bons de bola também poderíamos ser bons de escola e de outras coisas mais.”

Após uma série de problemas financeiros e conjugais, Garrincha faleceu aos 49 anos em 20 de janeiro de 1983, vítima de cirrose hepática, em coma alcoólico no Rio de Janeiro. Ele havia sido hospitalizado oito vezes no ano anterior e, na época de sua morte, ele estava arruinado, física e mentalmente. Seus últimos anos foram infelizes e obscuros – ele parecia ter se tornado um herói esquecido -, mas sua procissão fúnebre, do Maracanã a Pau Grande, atraiu milhões de fãs, amigos e ex-jogadores para prestar homenagem. Foi velado num caixão sob a bandeira do Botafogo. Em seu epitáfio lê-se “Aqui jaz em paz aquele que foi a Alegria do Povo – Mané Garrincha.” Conviveu com o excesso de ingestão bebida alcoólica ao longo de sua vida, principalmente cachaça. O fato do seu gosto pela branquinha era tão conhecido que algumas marcas traziam seu nome.

Estilo de Jogo e Características
“Em toda a história do futebol, ninguém deixou mais pessoas felizes. Quando ele estava lá, o campo era um picadeiro de circo; a bola, um bicho amestrado; a partida, um convite à festa. Garrincha não deixava que lhe tomassem a bola, menino defendendo sua mascote – a bola – e ela e ele faziam diabruras que matavam as pessoas de riso: ele saltava sobre ela, ela pulava sobre ele, ela se escondia, ele escapava, ela o expulsava, ela o perseguia. No caminho, os adversários trombavam entre si, enredavam nas próprias pernas, mareavam, caíam sentados.”

Garrincha é amplamente conhecido por seu notável controle de bola, imaginação, habilidade de drible e finta, além de sua capacidade de criar chances do nada.[44][45] Ele também possuía um chute forte com ambos os pés e era um especialista em bolas paradas, conhecido por cobranças de falta e escanteio de trivela (com a parte de fora do pé). No entanto, era por suas habilidades de drible e finta que ele era mais famoso, uma habilidade pela qual ele manteve ao longo de sua carreira.[44] Em relação à capacidade de drible de Garrincha, o escritor de futebol Scott Murray comentou ao escrever para o The Guardian em 2010: “… os resultados são incontestáveis: Garrincha foi o maior driblador de todos os tempos”.

Adorado pelo público brasileiro devido à sua inocência, atitude despreocupada e capacidade de entreter os inclusive os torcedores adversários, Garrincha era conhecido como; “Alegria do povo”. Djalma Santos, seu companheiro de equipe no Brasil, afirmou; “Ele tinha um espírito infantil. Garrincha foi a resposta do futebol para Charlie Chaplin”.

Garrincha cruzando a bola para o segundo gol de Vavá na Final da Copa do Mundo de 1958. Minutos antes, ele já tinha feito uma jogada idêntica, que também resultara num gol.
Exemplos de sua capacidade de chute são seus gols nas Copas do Mundo contra a Inglaterra em 1962 e na Bulgária em 1966. Ele também era capaz de se virar em torno de si a toda velocidade e explodir em ângulos incomuns, que ele usou com grande efeito. Os inúmeros ataques e oportunidades de gols que ele gerava através de jogadas individuais terminavam frequentemente em um passe exato para um companheiro de equipe em posição de marcar. Isso ocorreu nos dois primeiros gols do Brasil na final da Copa do Mundo de 1958 e no segundo gol contra a Espanha no torneio de 1962. Ele também era um excelente cabeceador, apesar de sua estatura relativamente baixa. Ele era um dos poucos jogadores que, à época, marcava gols diretamente após cobrança de escanteio, um feito que ele conseguiu fazer 4 vezes em sua carreira.

Considerado um dos maiores jogadores de todos os tempos, ele foi votado na Seleção de Futebol do Século XX por 250 dos escritores e jornalistas de futebol mais respeitados do mundo, ficou em sétimo lugar numa votação entre especialistas da FIFA sobre o melhor jogador do Século XX e foi nomeado na Seleção de Todos os Tempos da Copa do Mundo FIFA.

Legado e Homenagens
O Estádio Mané Garrincha, em Brasília, tem esse nome em sua homenagem.
O museu do Estádio do Maracanã chama-se “Museu de Esportes Mané Garrincha” em sua homenagem.
Em 1998, foi escolhido para a seleção de todos os tempos da FIFA, em eleição que contou com votos de jornalistas do mundo inteiro.
Em 2010, torcedores do Botafogo custearam uma estátua de quatro metros e meio e cerca de 300 kg, ao custo de R$ 56.000,00 pagos ao artista plástico Edgar Duvivier (pai de Gregório Duvivier. Essa estátua encontra-se hoje em frente ao Estádio Olímpico Nilton Santos, onde o Botafogo manda seus jogos.
Já em novembro de 2011 durante a convenção mundial de futebol Soccerex, Eusébio, maior jogador português e contemporâneo tanto de Pelé quanto Garrincha, declarou abertamente que considerava Garrincha o melhor jogador de todos os tempos.

A força do seu carisma ficou marcada rapidamente nas palavras do poeta de Itabira, Carlos Drummond de Andrade, numa crônica publicada no Jornal do Brasil, no dia 21 de janeiro de 1983, um dia após a morte do genial Garrincha:

“Se há um Deus que regula o futebol, esse Deus é sobretudo irônico, farsante, e Garrincha foi um de seus delegados incumbidos de zombar de tudo e de todos nos estádios. Mas, como é também um Deus cruel, tirou do estonteante Garrincha a faculdade de perceber sua condição de agente divino. Foi um pobre e pequeno mortal que ajudou um país inteiro a sublimar suas tristezas. O pior é que as tristezas voltam e não há outro Garrincha disponível. Precisa-se de um novo que nos alimente o sonho.”

Títulos

Botafogo
Torneio Internacional de Paris: 1963*
Torneio Quadrangular Interestadual: 1954
Torneio Pentagonal do México : 1958
Torneio Internacional da Colômbia: 1960*
Torneio Internacional da Costa Rica: 1961
Torneio Pentagonal do México: 1962
Torneio Jubileu de Ouro da Associação de Futebol de La Paz: 1964*
Copa Ibero-Americana: 1964
Panamaribo Cup: 1964
Torneio Rio-São Paulo: 1962, 1964
Taça dos Campeões Estaduais Rio-São Paulo: 1961
Campeonato Carioca: 1957, 1961, 1962
Torneio Início: 1961, 1962, 1963
Corinthians
Torneio Rio-São Paulo: 1966
Copa Cidade de Turim: 1966

Seleção Brasileira
Copa do Mundo FIFA: 1958, 1962
Taça Bernardo O’Higgins: 1955, 1959 e 1961
Taça Oswaldo Cruz: 1958, 1961 e 1962
Superclássico das Américas: 1960
Garrincha participou também de vários amistosos pelo Brasil e pelo exterior, integrando o Milionários (formado por veteranos com carreiras encerradas); o time da AGAP-RJ (Associação de Garantia ao Atleta Profissional do Estado do Rio de Janeiro); diversas equipes amadoras da Itália e clubes sem expressão do interior do Brasil. Estas partidas não têm valor para estatísticas.

Prêmios individuais
Melhor jogador da decisão da Copa Interstadual de Clubes: 1962
Melhor jogador do Campeonato Carioca: 1957, 1961 e 1962
Bola de Ouro da Copa do Mundo da FIFA: 1962
Equipa das estrelas da Copa do Mundo da FIFA: 1958, 1962
Segundo Maior jogador Brasileiro do Século XX IFFHS (1999)
Quarto Maior jogador Sul-americano do Século XX IFFHS (1999)
Oitavo Maior jogador do Mundo do Século XX IFFHS 1999
Décimo Terceiro Maior jogador do século XX pela revista – France football: 1999
Vigésimo Maior jogador do século XX pela revista Inglesa World Soccer: 2000
Sétimo Maior Jogador do Século XX pelo Grande Júri FIFA (2000)
Seleção de Futebol do Século XX
Filmografia
Garrincha, Alegria do Povo (1962). Documentário de Joaquim Pedro de Andrade
Mané Garrincha (documentário de 1978). Documentário curta-metragem de Fábio Barreto
Asa Branca: Um Sonho Brasileiro (1980). Ator convidado.[51]
Pelé e Garrincha, Deuses do Brasil (2002). Documentário da BBC
Garrincha – Estrela Solitária (2003). Baseado no livro Estrela Solitária – Um Brasileiro Chamado Garrincha de Ruy Castro.
Bibliografia
1995 – Ruy Castro – Estrela Solitária – Um brasileiro chamado Garrincha (Companhia Das Letras)
1998 – Luis H. Antezana (1998). Un pajarillo llamado “Mané”. Plural Editores. ISBN 84-89891-29-X.
2002 – Alex Bellos – Futebol: The Brazilian Way of Life. Bloomsbury. ISBN 0-7475-6179-6.

 

Fonte: Wikipédia

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Comentário (1)

  • MARCUS GUEDES Responder

    A meu ver, Garrincha foi – e continuará sendo – um desafio para a Física e a Medicina!
    E acho que ele foi tão magistral quanto Pelé.

    28 de outubro de 2020 at 10:10

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