Paraíso da elite, praia de Aracaju encolhe 10 m ao ano e deve sumir do mapa

Praia do Viral, em Aracaju, em 2023, com uma ruptura para passagem de água
Imagem: Júlio César Vieira/UFS

Conhecida por sua paisagem paradisíaca, a praia do Viral é a última de Aracaju, já no litoral sul da capital sergipana, e está com anos contados para desaparecer. Localizada na foz do rio Vaza-Barris, ela está sendo afetada pela erosão e perde 10 metros de faixa de areia ao ano.

O dado faz parte da pesquisa Panorama de Estabilidade Geológica do Litoral Sergipano, da UFS (Universidade Federal de Sergipe). Os estudos no local começaram em março de 2022 e descobriram um processo considerado irreversível, que fará a faixa de cerca de 100 metros de comprimento sumir do mapa ainda nesta década.

“No atual ritmo, em até cinco anos ela vai desaparecer. Antes disso, o local ficará inacessível por terra, só se chegará por embarcação.”
Júlio César Vieira, pesquisador do Laboratório de Progeologia da UFS.

A secretaria do Meio Ambiente de Aracaju respondeu à coluna que “não recebeu detalhes do estudo” e não vai se pronunciar sobre a situação da praia do Viral.

Carros causaram problema

Por suas belezas naturais e cenário paradisíaco, a praia é uma das principais atrações da região. Mas o número de pessoas que vão lá é pequeno, já que para chegar no local é preciso ter um veículo 4×4 para percorrer 3 km de areia fofa. A outra opção é ir de jet ski ou lancha pelo rio.

Para Júlio, foi justamente o excesso de veículos que se tornou determinante para desencadear o processo de erosão.

No caso do Viral, além das mudanças na carga do rio, é notório o impacto desses veículos, causando danos à vegetação de restinga e por consequência na estabilidade do sedimento presente. A areia fica mais vulnerável a qualquer intempérie.”

Ruptura

O pesquisador conta que um fato marcante no processo ocorreu no dia 10 de agosto: uma ruptura da praia.

A ruptura nada mais é que a intercomunicação brusca aberta entre a água do estuário e a água que banhava o manguezal adjacente. Outra idêntica deve surgir em outro ponto, o que mostra que o processo não vai parar.

Na quarta-feira passada, ele vistoriou o local novamente e viu que essa quebra cresceu de forma surpreendente.

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Fonte: Carlos Madeiro/Colunista do UOL

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