PILOTO, MILITAR E NOBRE SONHADOR: QUEM FOI O HOMEM QUE DEU VIDA AO ‘PEQUENO PRÍNCIPE’

Responsável pelo príncipe mais famoso da literatura, Antoine de Saint-Exupéry desapareceu numa missão da Segunda Guerra, mas deixou vivo o legado.

Montagem de Antoine de Saint-Exupéry e seu mais famoso personagem – Domínio Público

O ronco do motor do F-5 Lightning ecoava sobre o silêncio do céu. Mesmo com o som metálico, o homem sentado no cockpit parecia não se incomodar – pelo contrário, aquele sonido lhe era familiar. E o infinito à sua frente, de um azul que não se pode descrever, era bonito demais para que qualquer coisa pudesse atrapalhar.

Além disso, era ali, voando em meio às nuvens, que ele se sentia mais à vontade. Piloto experiente, já enfrentara tempestades tropicais, ventos polares e até as areias do deserto, mas, nesse dia, a natureza não era um adversário e tudo parecia contribuir para que aquele fosse o melhor de todos os voos. Quantas aventuras não havia vivido enquanto pilotava? Quantas horas voadas? Quantas cidades, países?

Tantas distâncias vencidas, memórias acumuladas, pensamentos então? Nas longas horas em que passava no céu, gostava de meditar sobre o estado do mundo, sobre o homem e, principalmente, confrontar-se consigo mesmo.

Humilde, apesar da origem nobre e dos prêmios que acumulara graças aos seus feitos aéreos e dom literário, era terrivelmente apaixonado pela liberdade e desconfiava da glória e da vida mundana – preferia a solidão das alturas e os longos momentos de contemplação em busca de respostas para perguntas que pareciam impossíveis.

O que, afinal, procurava o aristocrata que virou escritor no meio das infindáveis horas que passava no céu? Naquele 31 de julho de 1944, no que deveria ser apenas mais uma missão de rotina, observando as posições alemãs na costa sul da França ocupada, se viu novamente refletindo sobre a natureza humana e sobre como tudo havia chegado àquele ponto.

Sua missão era uma preparação para os desembarques que deveriam acontecer dali a alguns dias, contribuindo para a reconquista de sua tão amada França.

Mas será que era apenas a guerra que dominava seus pensamentos, ou será que sua própria existência, onde vida e obra pareciam se confundir, sem saber onde começava uma e terminava outra, também ocuparia sua mente? Todos os questionamentos se misturavam em uma espiral sem fim até que, de repente, tudo ficou branco.

Os primeiros anos

Antoine Marie Jean-Baptiste Roger de Saint-Exupéry era o terceiro filho de Marie e Jean de Saint-Exupéry, um casal de nobres franceses. Nasceu nos arredores de Lyon, em 1900 – tal como sua vida, influenciada pelo espírito da primeira metade do século 20, seu nascimento se confundiu com o início de uma nova era. Desde cedo mostrou uma curiosidade incomum e um senso de amor pela vida e natureza.

Mas a inocência juvenil logo lhe seria roubada, aos 4 anos, com a morte súbita de seu pai. Com o luto, veio a pobreza (apesar da origem nobre da família, as finanças estavam à míngua) e Marie e seus cinco filhos – Antoine tinha três irmãs e um irmão – passaram a viver de casa em casa de parentes até, finalmente, se instalarem no Château de Saint-Maurice-de-Rémens, de propriedade de uma tia.

Ali, o pequeno Antoine viveria novamente uma fase plena, reencontrando o sabor da vida e tomando gosto pela aventura. Apesar de perspicaz, na escola seu desempenho era sofrível. “As notas de Antoine, de tão pobres, são um incentivo para os demais alunos. Ele simplesmente negligencia tudo o que não gosta.

Em 1923, ficou noivo de Louise Lévêque de Vilmorin, jovem de uma família de peso na cidade. Apesar da reprovação de seus pais, a moça se encantou pelo piloto que, embora tímido, tinha porte de príncipe e despertava uma paixão pela vida, principalmente quando falava das façanhas aéreas – e de alguns acidentes – que já com eçara a colecionar. Como tudo parecia em sua vida, o fim do romance com Louise também foi súbito.

Antoine de Saint-Exupéry e sua esposa em Paris – Crédito: Domínio Público

Aéropostale

Naquela década, um novo tipo de transporte estava nascendo: o correio aéreo postal. Pilotos precisavam ser aventureiros para voarem em aparelhos rudimentares por rotas muitas vezes desbravadas pelos próprios aviadores – algo que fascinava Saint-Exupéry. Para ele, um piloto desempregado, haveria emprego melhor?

Não demorou a conseguir uma vaga na Latécoère (rebatizada de Aéropostale em 1927), onde ainda se juntou a nomes como Jean Mermoz e Henri Guillaumet, dois ases da aviação.

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