Tóquio-2021: Presença precursora de atleta trans nos Jogos amplia debate longe de consenso

Laurel Hubbard é a primeira atleta trans a conquistar uma vaga em olimpíadas Foto: ADRIAN DENNIS / AFP

A edição de Tóquio dos Jogos Olímpicos será emblemática, não só devido à pandemia do coronavírus e suas inúmeras restrições. O mundo verá, pela primeira vez, uma atleta trans em ação na principal competição esportiva. Até agora, o rosto desse momento simbólico, que pode redefinir paradigmas nas questões de gênero, é o da neozelandesa Laurel Hubbard, de 43 anos, que teve vaga confirmada no início do mês no levantamento de peso. Outras quatro atletas ainda têm chances de classificação.

A inclusão de atletas transgêneros no alto rendimento, no entanto, está longe de ser um assunto encerrado. A edição olímpica precursora certamente vai ampliar o debate que ainda gera dúvidas, desconfianças e tem um forte teor político. Também ajudará a trazer luz, de forma empírica, a uma das grandes questões do assunto: há ou não ganho de performance nos casos das mulheres trans em relação às cisgêneros?

Laurel Hubbard e outras atletas trans que têm chances de iram a Tóquio Foto: Editoria de Arte

Laurel Hubbard e outras atletas trans que têm chances de iram a Tóquio Foto: Editoria de Arte

Nenhum especialista é capaz de bater o martelo sobre o assunto. Não há estudos em larga escala — até por ser algo recente no esporte — que consiga apontar vantagens em qualquer ocasião ou que tenha achado parâmetros determinantes para que seja mantido o equilíbrio esportivo.

Hubbard, por exemplo, competia no levantamento de peso entre os homens até 2012. Há quatro anos, conquistou o vice-campeonato mundial e hoje é a sétima colocada no ranking na categoria +87kg. As marcas da neozelandesa, como atleta trans, variam de 270 a 280kg, o que a mantém entre as 10 melhores. Mas sem a presença de algumas das principais competidoras da Coreia do Norte — não vai participar dos Jogos — e da Rússia — por suspensão — que levantam acima de 300kg, há chances de ela disputar um pódio olímpico. O que pode causar ainda mais repercussão.

— Ainda estamos longe de atingir o equilíbrio para não ferir nenhuma das partes. As atletas trans têm o direito de competir e as nascidas biologicamente mulheres não podem ser prejudicadas. Acho a decisão do COI heroica, uma hora tinha de chegar. Não dá para ficar esperando todos os estudos. Pode dar certo, mas pode dar errado também — diz Fernando Solera , médico oficial do controle de doping da Fifa e da Conmebol.

Fonte: Época

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